Dossiê | Réquiem para uma nação

Dossiê | Réquiem para uma nação
(Arte Andreia Freire)

 

Foi depois de uma conversa com o psicanalista Tales Ab’Saber que a CULT concebeu o presente dossiê, cuja proposta é levar o leitor a refletir sobre o processo de desintegração da sociedade brasileira que está sendo conduzido a toque de caixa pela gestão de Michel Temer à frente do Governo Federal.

Além de publicar entrevista com o próprio Ab’Saber, na qual ele declara, entre outras considerações aguçadas, que a democracia atual se tornou uma fachada para a produção de uma violência legítima, o dossiê reúne textos de consagrados especialistas sobre os principais temas que dizem respeito ao estado de coisas que vivemos desde o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Alvaro Bianchi trata do esgotamento do modelo do presidencialismo de coalização e as alternativas autoritárias e antidemocráticas que decorrem dele. Ruy Braga fala da massa trabalhadora que passa, a partir da aprovação da reforma trabalhista, a ficar desassistida e totalmente à mercê das manobras conservadoras que tomaram de assalto a política e a economia do país nos últimos meses. “O resultado da atual crise brasileira talvez seja o nascimento de uma sociedade tão desigual e violenta que não seja capaz de reconhecer a monstruosidade de seus dirigentes”, afirma o sociólogo. Pablo Ortellado se pergunta por que as ruas se calaram diante de tanta arbitrariedade e injustiça. O juiz Rubens Casara aponta a iniquidade de um Estado sem limites rígidos ao exercício do poder, justamente em um momento em que, segundo ele, “o poder econômico e o poder político se aproximam, e quase voltam a se identificar, sem pudor”. Rosana Pinheiro-Machado, Joanna Burigo e Winnie Bueno demonstram que as reformas recém-adotadas representam a retomada de um projeto de controle e impedimento do exercício dos direitos básicos de cidadania.

O que os ensaios a seguir constatam, esclarecem, denunciam nesse momento tão desencantado da vida do país não parece um movimento regido pelo caráter de exceção, mas sim algo inerente ao capitalismo internacional, que sob o ponto de vista da cor local adquire enegrecidos tons de tragédia brasileira, a qual é preciso deplorar para que se possa organizar um movimento de reação à altura dos inúmeros desastres que ela vem proporcionando desde que foi anunciada há mais ou menos dois anos.


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