“Língua e realidade”, de Flusser, e outras sugestões de leitura

“Língua e realidade”, de Flusser, e outras sugestões de leitura
Em "Língua e realidade", Flusser dialoga com pensadores como Heidegger e Wittgenstein

 

[não-ficção]

Relançamento de uma das principais obras do filósofo tcheco radicado no Brasil. Publicada originalmente em 1963, discute as ligações e rupturas entre a linguagem e a realidade concreta. Para isso, retorna a discussões de Santo Agostinho e dialoga com a filosofia de pensadores como Heidegger e Wittgenstein. Como Flusser escreve na introdução, subjaz ao livro a ideia de que “conhecimento, realidade e verdade são aspectos da língua”. Completam a edição oito textos críticos de estudiosos da obra do autor.

Primeiro volume de uma coleção que pretende abordar o pensamento das principais filósofas e teóricas da atualidade. Participam da primeira edição dez pensadoras brasileiras que escrevem sobre aspectos da obra de Hannah Arendt, Adriana Cavarero, Seyla Benhabib, Margaret Cavendish, Simone de Beauvoir, Angela Davis, María Lugones, Silvia Rivera Cusicanqui e Lélia Gonzalez. Como escrevem os editores, é uma tentativa de inaugurar um “cânone filosófico feminista de longo alcance”.

Fruto de sua tese de livre-docência, o livro traz estudos críticos sobre diversos poetas brasileiros que começaram a publicar entre os anos 1950 e 1970. Alguns dos escritores analisados são Augusto de Campos, Ferreira Gullar, Armando Freitas Filho, Ana Cristina Cesar, Francisco Alvim e Rubens Rodrigues Torres Filho. Mas os ensaios não se restringem ao estudo de poetas específicos. Há textos dedicados a refletir sobre o lugar do sujeito poético, sobre o ambiente artístico dos anos 1970 e um exame sobre os periódicos da época. Como escreve Bosi na introdução, suas análises apontam para “os deslizamentos, as permeabilidades inventivas e os modos de resistência da poesia” frente às injunções históricas.

Reunião de ensaios e palestras proferidas por Eco desde 2008. No subtítulo, “ocasionais”, precisa essa produção do escritor e filósofo italiano inscrita na ocasião, seja de um colóquio ou uma conferência ao qual foi convidado a colaborar. O título refere-se ao primeiro ensaio, que versa sobre a necessidade de criarmos inimigos para a construção identitária. Entre os outros 14 ensaios que compõem o volume, encontra-se uma resenha de Ulisses, um discurso sobre Victor Hugo e uma reflexão sobre a WikiLeaks, entre outros variados temas.


[ficção]

Primeiro livro da poeta e artista visual paraense, reúne poemas, prosas poéticas, fotos e frames que dialogam com a produção escrita. A declarada influência de Décio Pignatari se faz sentir no jogo com cores, tipos e disposição das palavras em diversos poemas, bem como a referência a Caetano Veloso e Gilberto Gil no título da obra. À delicadeza do mar sereno, escreve Marisa Mokarzel na apresentação do livro, os poemas intercalam a água que “é caminho e errância, é testemunha de crimes ambientais sociais sem pátria”.

Pittsburgh, anos 1990. Em meio aos conflitos detonados pelo caso O. J. Simpson, Bobby Saraceno, filho de um homem negro e uma mulher branca, percebe-se involuntariamente envolvido em um crime racial. Enquanto foge da polícia, questiona sua relação inconsequente com um amigo supremacista e repensa sua identidade. Para Paulo Lins, autor de Cidade de Deus, o romance de estreia do norte-americano John Vercher lembra a construção enxuta e precisa de Machado de Assis. “Um clássico”, escreve no prefácio, “pela forma genial de abordar um problema de tão grandes dimensões através de um olhar subjetivo e crítico”.

Em 24 contos curtos, o escritor e jornalista carioca dialoga com diversos gêneros literários, como a fábula, a crônica, o ensaio e o perfil. Apesar do foco narrativo individual, seus textos exploram o drama coletivo do país: um menino negro que chora na escola, uma babá que questiona seu emprego, um imigrante africano que relembram sua terra natal. É um escritor que traduz o sentimento do mundo de Drummond ao apresentar “um ponto de vista incomum, apurado através de muitos anos trabalhando em contato íntimo com a realidade das coisas”, nas palavras da escritora Daniela Kopsch, que assina a quarta capa.

Em sua primeira publicação individual, a poeta goiana traça uma constelação de referências que vão de Clarice Lispector, Emily Dickinson,  Sartre, Tatsumi Hijikata, Valesca Popozuda, Letrux e BaianaSystem. Essa pluralidade de dicções corresponde a uma poética de instabilidades, que explora outras possibilidades e afetos da linguagem. Trata-se do “registro da ausência de palavras perdidas ou roubadas ou que tenham se recusado a permanecer”, em uma “proposta de autonomia linguística não violenta”, escreve a editora Larissa Mundim na apresentação.


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