Arcas de Babel: Leonardo Marona traduz Dylan Thomas

Arcas de Babel: Leonardo Marona traduz Dylan Thomas
Leonardo Marona: Thomas esbanjou lirismo e ritmo operando imagens arrebatadoras (Fotos: Rita Isadora Pessoa e Reprodução)

 

A poesia leva ao que há de mais singular em cada língua e desafia a experiência da tradução. Entretanto, muitas e muitos poetas traduzem, e às vezes a escrita poética surge junto com um olhar estrangeiro para a própria língua, vem com a consciência de sua singularidade, entre tantas outras. Esse estranhamento intensifica as forças de transformação no interior das línguas, estendendo seus limites, ampliando seus horizontes. E nunca precisamos tanto dos horizontes que a poesia projeta, agora que uma nuvem pesada encobre perspectivas de futuro… Talvez traduzir poesia seja um modo de contribuir para a construção, não de uma torre, mas de uma ponte ou de uma arca utópica que nos ajude a atravessar o dilúvio. Que nela, aos pares, as línguas se encontrem, fecundas.

A série Arcas de Babel acolhe semanalmente traduções de poesia e está aberta também a testemunhos sobre a experiência de traduzir.

Traduzir é também retraduzir e há poetas que estão sempre alimentando a produção do presente, por isso nesta vigésima-oitava Arca de Babel o poeta e ficcionista Leonardo Marona nos traz novamente a poesia de Dylan Thomas, que já tinha aparecido nesta coluna, na tradução de Paulo Henriques Britto.

Leonardo Marona nasceu em Porto Alegre em 1982 e vive no Rio de Janeiro. Publicou diversos livros autorais, em prosa e verso: Pequenas biografias não-autorizadas (poesia, 7Letras, 2009); l’amore no (poesia, 7Letras, 2011); Conversa com leões (contos, Oito e meio, 2012); Óleo das horas dormidas (poesia, Oficina Raquel, 2014); Cossacos Gentis (romance, Oito e meio, 2015); Herói de Atari (poesia, Garupa Edições 2017); Dr. Krauss (novela, Oito e meio, 2017); Uma baronesa às quatro da madrugada (poesia, Ed. Urutau, 2018). Fez também varias traduções para teatro: Otelo, de William Shakespeare (2008); Raça, de David Mamet (2009); Longa jornada noite adentro, de Eugene O’Neill; Sexton (2012 – tradução de poemas originais da autora); Ricardo III, de William Shakespeare (2020). Traduziu também Charles Bukowski, E. E. Cumings, Ezra Pound, Kenneth Patchen, Kenneth Rexroth, Leroi Jones, Malcolm Lowry, Marie Ponsot, Robert Bly, Robert Frost e Robinson Jeffers.

 

***

 

Para ser honesto, não foi a poesia de Dylan Thomas o que mais me atraiu quando o conheci, aos dezoito anos, através de seu “filho” mais famoso: Bob Dylan. Antes da poesia do bardo galês, eu me apaixonei pela sua lenda. Em princípio, eu estava mais interessado na sua morte do que na sua vida. Fascinava a minha mente adolescente já alcoólatra a história de que ele teria ingerido dezoito doses de uísque, pouco antes de falecer no hospital, enquanto fazia farra no Chelsea Hotel (o mesmo onde, anos mais tarde, viveria Bob Dylan), já na última fase do alcoolismo que devastou seu corpo, envelhecendo-o precocemente (morreu aos 39 anos, com um aspecto sexagenário). Mas, por incrível que pareça, a tragicidade de sua existência não afetou sua mente poética, ou melhor, afetou com uma selvageria que ele dominou com rédeas firmes.

Tudo o que eu queria fazer àquela época, ele tinha feito. Fugiu do colégio aos dezessete anos para ser repórter num jornal local. Pouco depois, aos dezoito, largou tudo para ser poeta em tempo integral, um “poeta puro”, como eu queria ser e nunca fui. Casou-se aos vinte e dois com a mulher da sua vida, a escritora Caitlin Thomas, protagonista do poema que aqui segue, Love in the asylum, e com quem esteve até o fim dos seus dias, numa relação tempestuosa, para dizer o mínimo.

Além de toda essa impetuosidade juvenil, que – mais tarde descobri – no fundo mascarava um profundo provincianismo, meu espírito delirava com a ideia de que Thomas era alguém que andava sozinho literariamente, ainda que fosse contemporâneo de outros grandes poetas de língua inglesa – e muito estudados – como T. S. Eliot, W. B. Yeats, Lawrence Durrell, W. H. Auden, para citar os mais notórios. Mas, apesar de ser um poeta difícil, misterioso, às vezes até impenetrável, Thomas não foi um poeta “filosófico ou intelectualizado”, como os citados acima. Ao contrário, esbanjava lirismo e ritmo operando uma explosão de imagens arrebatadoras, que o aproximam mais de Rimbaud e Blake do que dos seus contemporâneos. Isso, talvez, mantenha sua poesia um pouco à sombra dos seus pares, pelo menos em termos de mercado editorial brasileiro. Essa rejeição, que perdura até hoje, dos círculos de estudos formais em literatura, não à toa, tornou sua obra uma forte referência para a geração de jovens poetas “vagabundos” dos anos 50 (os “vagabundos iluminados” ou beatniks), para os quais Dylan Thomas representou uma espécie de ídolo moral, ao lado de outros poetas não-acadêmicos como William Carlos Williams, E. E. Cummings, Kenneth Patchen e Kenneth Rexroth.

Portanto, a escolha dos poemas que traduzi tem muito a ver com a imagem central que carrego comigo deste que é o meu poeta favorito em língua inglesa. A de um garoto emburrado, de olhar penetrante, com um lenço em volta do pescoço e cabelos agitados. Um adolescente velho, uma verve mágica, prestes a explodir, algo que só existe porque explodirá e, do caminho kamikaze à explosão, tira sua obra-prima. Um Ícaro que engoliu seu próprio sol e que deixou um rastro de fogo para queimar nossos olhos com tragédia e luz.

Outros bem mais experientes tradutores enfrentaram poemas de Dylan Thomas, tentando trazê-los para o português brasileiro, como é o caso de Augusto de Campos e Paulo Henriques Britto (aqui mesmo nesta coluna). Mas, naqueles tempos de vida, em que tudo parecia assustadoramente em jogo (o que persiste), a seleção mais extensa que tive em mãos foi publicada pela José Olympio (Poemas Reunidos 1934 -1953) em 1991, traduzida por Ivan Junqueira, a quem, apesar de algumas divergências, é claro, de escolha – o que justifica minhas tentativas que seguem –, agradeço imensamente. –Leonardo Marona

 

Sem lavra de palavras

 

Sem lavra de palavras em três meses magros na hemorrágica
barriga do ano rico e a grande bolsa da minha carcaça
desafio amargamente meu ofício e miséria:

Pegar para dar é tudo, retorna o que com fome é cedido
Soprando os quilos de maná do orvalho acima até o paraíso,
O amável dom da verve se choca contra um raio cego.

Erguer e largar os tesouros do homem é morte satisfeita
Que varrerá enfim da respiração marcada todo dinheiro
E contará no breu ruim os tomados, rejeitados mistérios.

Render-se agora é pagar em dobro ao ogro consumista.
Mata remota do meu sangue, acelera de volta à medula do mar
Se eu incendiar ou retornar este mundo que é de cada um a lavra.

 

Vinte e Quatro Anos

 

Vinte e quatro anos avisam meus olhos das lágrimas.
(Cavar os mortos por medo de que se forcem contra a tumba.)
No arco da passagem natural, feito um alfaiate, me curvo
Costurando pra viagem uma capa
Sob a claridade de um sol carnívoro.
Vestido pro fim, sinto a pompa da libido,
Com as veias rubras cheias de prata,
Na direção derradeira dessa elementar cidade
Avanço enquanto o infinito existe.

 

Em Meu Ofício ou Arte sombria

 

Em meu ofício ou arte sombria
No exercício da noite tranquila
Quando só a lua tem raiva
E os amantes deitam na cama
Com os braços cheios de agonia,
Eu labuto na luz que sibila
Não por cobiça ou por pão
Ou pompa e tráfico de feitiços
Nos palcos de mármore
Mas para o comum salário
Do seu coração clandestino.

Não para o orgulhoso ferido
Escrevo aqui da lua em ira
Sobre páginas enevoadas
Nem aos mortos sem caixão
Com seus rouxinóis e seus hinos
Mas aos amantes, suas fibras
Que abraçam dores seculares,
Que não me aprovam ou pagam
Nem notam minha arte ou ofício.

 

Ó mete-me a máscara

 

Ó mete-me a máscara e um muro entre os seus espiões
E os afiados olhos de esmalte e suas garras com óculos
Que estupram e rebelam as enfermarias da minha face,
Mordaça de árvore caída, bloqueia do inimigo exposto
A língua de baioneta na indefensável ladainha carola,
A boca presente, trombeta de mentiras que sopra doce,
Forjado na velha armadura em carvalho, o semblante idiota
Para amparar os miolos cintilantes e pilhar os examinadores,
E um pesar de viúva manchou com choro o vergar dos cílios
Para vendar beladona e deixar que os olhos secos reclamem
Os que traem, em sua derrota, as chorosas mentiras
Pela curva da boca nua ou pela risada guardada na manga.

 

Poema em outubro

 

Era meu trigésimo ano até o paraíso
……….Meu ouvido desperto pelo porto e pela floresta vizinha
……………..E pelo grude dos mariscos e pela garça
…………………………..Bendita costa
……………………..A manhã convoca
…………Com água chorando e clamor de gaivota e gralha
……………..E a batida dos barcos veleiros contra o muro de teias
……………………….Eu mesmo me finco
……………………………….Àquele segundo
…………………..Nesta ainda sonolenta cidade então começo.

………………….Meu nascimento começa nos pássaros
……………..D’água e pássaros de árvores aladas voam meu nome
……………………Sobre as fazendas e os cavalos brancos
………………………………..E me ergui
………………………….Num outono chuvoso
………..E fui pra longe na enxurrada dos meus dias
………..Maré alta e a garça afundou quando caí na estrada
……………………….Sobre a fronteira
………………………………..E os portões
…………………Da vila cerrada no que a vila acordava.

…………………Uma primavera de cotovias numa nuvem
…………Rolante e os arbustos da estrada transbordando com o canto
………………….Dos pássaros pretos e o sol de outubro
………………………………….Estival
…………………………Sobre os ombros da colina,
…………….Aqui onde o bom ambiente e doces cantores de repente
……………….Chegam pela manhã por onde eu perambulei e escutei
……………………………………..A chuva entortando
…………………………………O sopro gelado do vento
…………………..Na floresta distante abaixo de mim.
…………………..Chuva pálida sobre o porto definhado
…………..E sobre a igreja mareada do tamanho de um caracol
…………………….Com seus chifres pela nevoa e o castelo
…………………………………..Marrom-coruja
………………………………Mas todos os jardins
…………..Da primavera e do verão floresciam em fábulas irreais
…………..Além da fronteira e sob a nuvem cheia de cotovias.
………………………………..Ali eu pude desfrutar
…………………………………….Meu aniversário
…………………….De cara, mas o tempo virou de repente.

…………………….Se afastou da jubilosa província
………….E caiu num novo ar e no céu azul modificado
……………..Jorrou outra vez a maravilha do verão
……………………………..Com maçãs
…………………………Peras e groselhas vermelhas
………….E eu vi na virada tão claramente as esquecidas
………….Manhãs da criança quando ela andava com sua mãe
…………………………..Através das parábolas
………………………………..Da luz solar
……………………E das lendas das capelas verdes.

……………………E os duplo-citados campos da infância
…………Cuja lágrima me queimou o rosto e o coração entrou no meu.
……………….Estes eram a floresta o rio e o mar
……………………………Onde um garoto
……………………No verão audível
………….Dos mortos sussurrou a verdade da sua alegria
………….Para as árvores e as pedras e o peixe na correnteza.
…………………….E o mistério
………………………….Cantou vivo
………………..Imóvel na água e no canto dos pássaros.

………………..E ali eu pude desfrutar meu aniversário
……….De cara, mas o tempo virou. E a verdadeira
…………….Alegria da já morta criança cantou queimando
…………………………Sob o Sol.
………………………Era o meu trigésimo
…………….Ano até o paraíso, fiquei lá então na tarde de verão
…………….Embora a vila deitasse frondosa com outubro em sangue.
………………………..Ah, possa a verdade do meu coração
………………………………Ainda ser cantada
…………….Neste cume na virada de um ano.

 

Amor no manicômio

 

Uma estranha chegou
Para dividir o meu quarto na casa, ruim das ideias,
Louca como pássaros

Escalando a porta da noite com seus braços, seu voo.
Estreita na cama em guerra
Ela ilude a casa à prova de céu com nuvens em cascata

Ainda assim ilude com seus passos o quarto do horror,
Feito os mortos, liberta,
Ou cavalga mares imaginários na ala dos machos.

Foi chegando possessa
A que admite a luz ilusória através do muro aos saltos,
Possuída pelos anjos

Ela dorme no chiqueiro e ainda assim o pó atravessa
E ainda deita e rola
Nas tábuas do hospício que definham com meu choro.

E tomado de luz nos seus braços após longa espera
Eu posso sem falha
Sofrer a primeira visão das estrelas em fogo.

 

Não caia gentil nessa noite boa

 

Não caia gentil nessa noite boa,
O velho arde e delira ao fim do dia;
Raiva, raiva contra essa luz que escoa.

Sabendo os sábios que no fim ecoa
O escuro sem raio do que foi dito,
Não caem gentis nessa noite boa.

Os bons choram o brilho sobre a onda,
Com a frágil ação que dança na baía,
Raiva, raiva contra essa luz que escoa.

Os loucos, que pegam o sol em voo
E tarde perdem o sol no caminho,
Não caem gentis nessa noite boa.

Os graves, de olho cego, quase morto,
Têm na cegueira um meteoro e gritam,
Raiva, raiva contra essa luz que escoa.

E tu, meu pai, da tua altura rota,
Xinga, me benze com choro, eu suplico.
Não caia gentil nessa noite boa.
Raiva, raiva contra essa luz que escoa.

 

***

 

On no work of words

 

On no work of words now for three lean months in the bloody
Belly of the rich year and the big purse of my body
I bitterly take to task my poverty and craft:

To take to give is all, return what is hungrily given
Puffing the pounds of manna up through the dew to heaven,
The lovely gift of the gab bangs back on a blind shaft.

To lift to leave from treasures of man is pleasing death
That will rake at last all currencies of the marked breath
And count the taken, forsaken mysteries in a bad dark.

To surrender now is to pay the expensive ogre twice.
Ancient woods of my blood, dash down to the nut of the seas
If I take to burn or return this world which is each man’s work.

 

Twenty-four years

 

Twenty-four years remind the tears of my eyes.
(Bury the dead for fear that they walk to the grave in labour.)
In the groin of the natural doorway I crouched like a tailor
Sewing a shroud for a journey
By the light of the meat-eating sun.
Dressed to die, the sensual strut begun,
With my red veins full of money,
In the final direction of the elementary town
I advance as long as forever is.

 

In my craft or sullen art

 

In my craft or sullen art
Exercised in the still night
When only the moon rages
And the lovers lie abed
With all their griefs in their arms,
I labor by singing light
Not for ambition or bread
Or the strut and trade of charms
On the ivory stages
But for the common wages
Of their most secret heart.

Not for the proud man apart
From the raging moon I write
On these spindrift pages
Nor for the towering dead
With their nightingales and psalms
But for the lovers, their arms
Round the griefs of the ages,
Who pay no praise or wages
Nor heed my craft or art.

 

O make me a mask

 

O make me a mask and a wall to shut from your spies
Of the sharp, enamelled eyes and the spectacled claws
Rape and rebellion in the nurseries of my face,
Gag of dumbstruck tree to block from bare enemies
The bayonet tongue in this undefended prayerpiece,
The present mouth, and the sweetly blown trumpet of lies,
Shaped in old armour and oak the countenance of a dunce
To shield the glistening brain and blunt the examiners,
And a tear-stained widower grief drooped from the lashes
To veil belladonna and let the dry eyes perceive
Others betray the lamenting lies of their losses
By the curve of the nude mouth or the laugh up the sleeve.

 

Poem in October

 

It was my thirtieth year to heaven
………Woke to my hearing from harbour and neighbour wood
…………….And the mussel pooled and the heron
…………………………….Priested shore
……………………The morning beckon
………With water praying and call of seagull and rook
………And the knock of sailing boats on the webbed wall
………………..Myself to set foot
………………………….That second
……………..In the still sleeping town and set forth.

……………..My birthday began with the water-
………Birds and the birds of the winged trees flying my name
………….Above the farms and the white horses
………………………..And I rose
…………………In a rainy autumn
………And walked abroad in shower of all my days
………High tide and the heron dived when I took the road
………………….Over the border
………………………..And the gates
…………….Of the town closed as the town awoke.

……………A springful of larks in a rolling
……..Cloud and the roadside bushes brimming with whistling
…………..Blackbirds and the sun of October
…………………………Summery
…………………On the hill’s shoulder,
……..Here were fond climates and sweet singers suddenly
……..Come in the morning where I wandered and listened
………………To the rain wringing
…………………….Wind blow cold
………………In the wood faraway under me.

……………..Pale rain over the dwindling harbour
……..And over the sea wet church the size of a snail
…………….With its horns through mist and the castle
………………………..Brown as owls
…………………….But all the gardens
…….Of spring and summer were blooming in the tall tales
…….Beyond the border and under the lark full cloud.
…………………..There could I marvel
…………………………My birthday
……………Away but the weather turned around.

……………It turned away from the blithe country
…….And down the other air and the blue altered sky
……………Streamed again a wonder of summer
…………………………..With apples
……………………Pears and red currants
……..And I saw in the turning so clearly a child’s
……..Forgotten mornings when he walked with his mother
…………………….Through the parables
………………………….Of sunlight
……………..And the legends of the green chapels

……………..And the twice told fields of infancy
………That his tears burned my cheeks and his heart moved in mine.
……………..These were the woods the river and the sea
……………………………Where a boy
………………………In the listening
……..Summertime of the dead whispered the truth of his joy
……..To the trees and the stones and the fish in the tide.
………………….And the mystery
…………..Sang alive
…………..Still in the water and singing birds.

………….And there could I marvel my birthday
……..Away but the weather turned around. And the true
…………….Joy of the long dead child sang burning
…………………………In the sun.
………………….It was my thirtieth
……….Year to heaven stood there then in the summer noon
……….Though the town below lay leaved with October blood.
………………….O may my heart’s truth
…………………………..Still be sung
………..On this high hill in a year’s turning.

 

Love in the asylum

 

A stranger has come
To share my room in the house not right in the head,
A girl mad as birds

Bolting the night of the door with her arm her plume.
Strait in the mazed bed
She deludes the heaven-proof house with entering clouds

Yet she deludes with walking the nightmarish room,
At large as the dead,
Or rides the imagined oceans of the male wards.

She has come possessed
Who admits the delusive light through the bouncing wall,
Possessed by the skies

She sleeps in the narrow trough yet she walks the dust
Yet raves at her will
On the madhouse boards worn thin by my walking tears.

And taken by light in her arms at long and dear last
I may without fail
Suffer the first vision that set fire to the stars.

 

Do not go gentle into that good night

 

Do not go gentle into that good night,
Old age should burn and rave at close of day;
Rage, rage against the dying of the light.

Though wise men at their end know dark is right,
Because their words had forked no lightning they
Do not go gentle into that good night.

Good men, the last wave by, crying how bright
Their frail deeds might have danced in a green bay,
Rage, rage against the dying of the light.

Wild men who caught and sang the sun in flight,
And learn, too late, they grieved it on its way,
Do not go gentle into that good night.

Grave men, near death, who see with blinding sight
Blind eyes could blaze like meteors and be gay,
Rage, rage against the dying of the light.

And you, my father, there on the sad height,
Curse, bless, me now with your fierce tears, I pray.
Do not go gentle into that good night.
Rage, rage against the dying of the light.


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