16 livros e um conselho de Hemingway para jovens escritores
Ernest Hemingway no Quênia, em 1953 (Arquivo da Biblioteca John F. Kennedy/ Reprodução)
O jornalista Arnold Samuelson tinha quase 22 anos quando, na primavera de 1934, leu o conto One trip across na revista Cosmopolitan. Aspirante a escritor, ficou impressionado com o texto e decidiu partir em busca daquele autor, um certo Ernest Hemingway (1899 – 1961). De carona, viajou da Dakota do Norte até a Flórida – e chegou sem um tostão à casa de Hemingway, que acabou dando conselhos de escrita e leitura ao rapaz.
“O ensinamento mais importante sobre literatura é nunca escrever muito de uma vez só. Nunca seque sua fonte criativa. Deixe para o dia seguinte”, teria dito o escritor, segundo Samuelson, que conta essa história no livro With Hemingway: A year in Key West and Cuba (1988), sem versão brasileira.
O mais importante, segundo Hemingway, seria saber quando parar de escrever: “O momento de parar é quando você sente que está indo bem e chega em um lugar interessante, a partir do qual você sabe para onde ir. Pare aí, deixe a escrita para lá e nem pense nela; permita que seu inconsciente faça todo o trabalho. Na manhã seguinte, depois de uma boa noite de sono, reescreva o que redigiu no dia anterior e, quando chegar ao ponto interessante em que parou antes, continue dele e pare em outro ponto de interesse. Assim, quando terminar, sua escrita estará repleta de pontos interessantes e você nunca se sentirá preso”.
Depois, segundo Samuelson, o autor falou da importância da leitura para a escrita e perguntou se o jovem já havia lido Guerra e paz (1867), de Liev Tolstói, “um livro bom pra burro”. Ele negou, e Hemingway o levou até seu escritório, onde escreveu uma lista de títulos e escritores essenciais enquanto separava os volumes para emprestar ao garoto. Um deles era seu último exemplar de Adeus às armas (1929), romance de sua autoria.
No dia seguinte, o jovem voltou à casa do autor de O velho e o mar apenas para devolver os livros, e acabou sendo convidado a viajar à bordo do Pilar, que precisava de mais um membro na tripulação.
- The blue hotel (1898), de Stephen Crane
- The open boat (1897), de Stephen Crane
- Madame Bovary (1856), de Gustave Flaubert
- Dublinenses (1914), de James Joyce
- O Vermelho e o negro (1830), de Stendhal
- Servidão humana (1915), de Somerset Maugham
- Anna Karenina (1877), de Liev Tolstói
- Guerra e paz (1867), de Liev Tolstói
- Os Buddenbrook (1901), de Thomas Mann
- Hail and farewell (1911), de George Moore
- Os irmãos Karamazov (1880), de Fiódor Dostoiévski
- The oxford book of english verse
- O quarto enorme (1922), de E.E. Cummings
- O morro dos ventos uivantes (1847), de Emily Brontë
- Longe e há muito tempo (1918), de W.H. Hudson
- O americano (1877), de Henry James