“Só nós”, de Claudia Rankine, e outras sugestões de leitura
A poeta, ensaísta e dramaturga jamaicana Claudia Rankine (Foto: Divulgação)
[não-ficção]
“Quanta raiva eu poderia sentir do homem branco no avião, aquele que me encarava, como se olha para uma pedra na qual tropeçou, a cada vez que se levantava?” Numa mistura de ensaios, poemas e imagens, a poeta, ensaísta e dramaturga jamaicana mostra que, para além da questão econômica, o “privilégio branco” trata-se, acima de tudo, da possibilidade de ir e vir; de simplesmente poder viver. Professora na Universidade de Nova York e autora de textos que discutem o racismo na sociedade norte-americana, ela convoca neste livro um debate sobre a branquitude. A tradução é de Stephanie Borges.
Série de cursos de Nabokov sobre alguns dos pilares da literatura russa: Gógol, Turguêniev, Dostoiévski, Tolstói, Tchekhov e Górki. Ministrados entre as décadas de 1940 e 1950, analisam os principais livros e temas dos expoentes da literatura russa do século 19. As aulas foram reunidas em livro pela primeira vez nos Estados Unidos, em 1981, pelo editor Fredson Bowers e, no Brasil, estavam esgotadas há tempos.
O volume reúne os mais importantes ensaios do poeta francês sobre filosofia. Há textos sobre autores como Nietzsche, Edgar Allan Poe e Descartes; sobre o corpo, o sonho e o ofício do cirurgião; sobre Leonardo da Vinci e a filosofia. São treze textos, ao todo, além de uma bibliografia completa de Paul Valéry, poeta que também escreveu sobre dança, pintura e política – além, claro, de filosofia. A tradução é de Márcia Sá Cavalcante Schuback.
Primeiro livro de ensaios de Saavedra, O mundo desdobrável apresenta textos sobre temas como psicanálise, literatura indígena, ancestralidade e autoras como Carolina Maria de Jesus, Clarice Lispector e Hilda Hilst. A autora se pergunta o que pode a literatura num momento em que tudo parece importar mais ser mais urgente do que a literatura. O nascimento do romance moderno e a ideia de literatura para além da escrita também são assuntos abordados pela escritora.
[ficção]
Uma mulher prestes a explodir. A protagonista do novo romance da norueguesa Monica Isakstuen está soterrada sob um sem fim de tarefas diárias. Filhos, marido, casa, animal de estimação, supermercado, acidentes domésticos, reuniões de pais, tarefas escolares. Por meio de um relato sombrio, mas com uma dose de bom humor, a narradora nos posiciona no centro de uma experiência que é comum a mulheres ao redor do mundo: a sobrecarga feminina. A tradução é de Leonardo Pinto Silva.
Composta pelos títulos Morra, amor e A débil mental, a “trilogia da paixão” da autora argentina Ariana Harwicz chega ao fim com Precoce. No romance, mãe e filho vagam pelas ruas de uma região rural, vivendo no limite do amor, da obsessão e da indigência. São “dois clandestinos que se cruzam numa parada, dois aturdidos no alto de um refúgio, dois punks que atravessam a Europa comendo do lixo público”. Ao distorcer a estrutura familiar tradicional, a autora questiona a maternidade como papel atribuído às mulheres. A tradução é de Francesca Angiolillo.
Originalmente publicado em 1954, o romance do autor português Vergílio Ferreira traz a história de uma criança de família pobre, António Santos Lopes, que é obrigada a estudar num seminário. Narrado pelo próprio Lopes, já na idade adulta, e baseada nas experiências adolescentes de Ferreira, a obra acompanha o menino em suas descobertas: o desejo, o amor, a amizade, a pobreza e a desigualdade.
Primeira obra do poeta italiano Eugenio de Signoribus traduzida para o português, Nenhum corpo é elementar apresenta um conjunto de prosas poéticas dedicadas à “exposição dos corpos”. No conjunto de textos intitulado “Dos poços exteriores”, o autor reflete sobre as formas de martírio do mundo contemporâneo, como a imigração e a exploração do trabalho. A tradução é de Patricia Peterle.
A escritora e atriz argentina retrata a vida de um grupo de travestis que, todas as noites, se reúne no Parque Sarmiento, na conservadora Córdoba. Ali, onde se prostituem, acabam expostas a todo tipo de violência tanto da polícia quanto dos clientes. Com traços autobiográficos, o livro mostra a vida desse grupo ora como um conto de fadas, ora como uma história de terror. A tradução é de Joca Reiners Terron.