Arcas de Babel: Rubens Chinali traduz Giuseppe Ungaretti

Arcas de Babel: Rubens Chinali traduz Giuseppe Ungaretti
Rubens Chinali: 'Últimos coros para a terra prometida' ajuda a esclarecer o pensamento e a poesia do italiano (Fotos: Reprodução/Arquivo Pessoal)

 

A poesia leva ao que há de mais singular em cada língua e desafia a experiência da tradução. Entretanto, muitas e muitos poetas traduzem, e às vezes a escrita poética surge junto com um olhar estrangeiro para a própria língua, vem com a consciência de sua singularidade, entre tantas outras. Esse estranhamento intensifica as forças de transformação no interior das línguas, estendendo seus limites, ampliando seus horizontes. E nunca precisamos tanto dos horizontes que a poesia projeta, agora que uma nuvem pesada encobre perspectivas de futuro… Talvez traduzir poesia seja um modo de contribuir para a construção, não de uma torre, mas de uma ponte ou de uma arca utópica que nos ajude a atravessar o dilúvio. Que nela, aos pares, as línguas se encontrem, fecundas.

A série Arcas de Babel acolhe traduções de poesia e está aberta também a testemunhos sobre a experiência de traduzir. Durante o período mais fechado da quarentena, entre maio e dezembro de 2020, foi publicada semanalmente, em trinta e duas edições.

Hoje comemoramos o aniversario de Giuseppe Ungaretti (1888-1970) com traduções de uma série de poemas de sua maturidade realizadas e apresentadas pelo poeta e tradutor Rubens Chinali. Em março retomaremos com publicações regulares.

Chinali tem trabalhado em traduções de poetas de expressão inglesa, italiana, espanhola, francesa e anglo-saxã. Publicou juntamente, com Daniel Dago, a antologia Poesia holandesa, do século XIX à atualidade (Demônio Negro, 2019). Fundou e coordena o projeto Contemporary Brazilian Poetry, que visa traduzir autores nacionais vivos para o inglês.

 

***

 

Iniciei, durante a quarentena, um estudo sistemático de tradução da poesia hermética italiana do século 20, herdeira de Mallarmé, Verlaine e Rimbaud, com os Canti Orfici de Dino Campana (1885 – 1932), um de seus precursores, passando aos poemas de Salvatore Quasimodo (1901 – 1968), Eugenio Montale (1896 – 1981) até me deparar com o fervor da poesia de Giuseppe Ungaretti (1888 – 1970), um dos epicentros desse movimento.

Ainda que os poemas da fase inicial de sua produção sejam os que alcançaram maior popularidade com o público brasileiro, em razão do maior número de traduções, os fragmentos tardios de “Últimos coros para a terra prometida” (Ultimi cori per la terra promessa) esclarecem, ou ao menos servem de itinerário para a jornada de maturidade do pensamento e da poesia de Ungaretti.

A sequência, inserida em seu último livro, O caderno do velho (Il taccuino del vecchio, 1960) remonta ao conjunto de suas obras anteriores, como O porto sepulto (Il porto sepolto, 1916), Alegria de náufragos (Allegria di naufragi, 1919), A guerra (La guerra, 1919), A alegria (L’allegria, 1931), Sentimento do tempo (Sentimento del tempo, 1933), Poesias dispersas (Poesie disperse, 1945), A dor (Il dolore, 1947), A terra prometida (La terra promessa, 1950) e Um grito e paisagens (Un grido e paesaggi, 1952).

Os “Últimos coros” vêm à luz após um breve retorno ao Egito, terra natal de Ungaretti (nascido em Alexandria, filho de pais italianos), no ano de 1951, quando já contava 64 anos, no qual foi profundamente marcado pela paisagem desértica da Necrópole de Sacara. Ecoando a solidão do mar (Ulisses), do exílio (Eneias), da noite (Palinuro), de se perder (Dante), do infinito (Leopardi), da morte (Foscolo) e tantas outras solidões, a solidão do deserto de Ungaretti representa a solidão de um velho nômade, andarilho, emigrante, exilado, lobo do mar, que agora é capaz de chamar a morte. Esses arquétipos de solidão e viagem, no final de seu tempo terreno, são expandidos ainda mais e incluídos em um espaço onde o físico e o metafísico se unem em um conceito de infinito: o espaço do universo, ou melhor, da paisagem terrestre à paisagem celestial. – Rubens Chinali

 

ÚLTIMOS COROS PARA A TERRA PROMETIDA

 

1

Aglutinados no hoje
Os dias do passado
E os outros que virão.

Por anos, pelos séculos
Toda manhã surpresa
Em saber que nós ainda estamos vivos,
Que escorre sempre como sempre a vida,
Dom e dor imprevistos
No turbilhão contínuo
Das vãs transformações.

Tal por nosso destino
A viagem que prossigo,
Em um piscar de olhos
Exumando, inventando
Do início ao fim o tempo,
Refugiado como outros
Que já foram, que são, e que serão.

2

Se na junção de um dia em outros dias
Retorno ainda intentando tomar a mim mesmo
E escolho esse momento,
Voltará à minha alma para sempre.

A pessoa, o objeto ou o evento,
Ou os locais incomuns ou não insólitos
Que movem o delírio, ou aquela angústia,
Ou o êxtase vazio
Ou uma firme afeição,
São, imutáveis, em mim transformados.

E à minha vida, dada a nada mais
Que aumente os seus temores,
Crescendo o seu vazio, turba de sombras
Que fica a dar-lhe extremos
Desejos que palpitam,
Ocorrerá que veja
Expandir-se o deserto
Até que sinta falta
Mesmo da caridade feroz da memória?

3

Quando um dia te deixa,
Pensa no outro que surge.

O nascer sempre é pleno de promessas
Mesmo sendo excruciante
E a experiência de cada dia ensina
Que no unir-se, soltar-se e perdurar
Não são os dias senão vago fumo.

4

Foge-se rumo à meta:
Quem a conhecerá?

Não se sonha com Ítaca
Perdido em mares vários,
O olhar sobe ao Sinai sobre as areias
Que os monótonos dias enumera.

5

Percorre-se o deserto com resíduos
De uma imagem anterior na mente,

Da Terra Prometida
Nada mais sabe o vivo.

6

Ao infinito se durasse a viagem,
Não duraria um átimo, e a morte
Já está aqui, pouco antes.

Um átimo interrupto,
Não mais que isso dura um viver terreno:

Se se interrompe ao topo de um Sinai,
A lei aos que restaram se renova,
E a ilusão retoma a crueldade.

7

Se uma mão tua afasta a desventura
Com a outra mão descobres
Que não é o todo senão de destroços.

É viver, sobreviver até a morte?

Se opões ao teu destino uma mão tua,
A outra, vês, de súbito assegura
Que só podes reter
Migalhas de memórias.

8

Por vezes me pergunto
Como tu eras e eu era.

Talvez vagamos vítimas do sono?

Os atos que fizemos
Foram sonâmbulos, naqueles tempos?

Longe estamos, naquele halo de ecos,
E enquanto em mim ressurges, no zumbido
Escuto que de um sono te levantas
Que há tempos nos previu.

9

Todo ano, ao descobrir que fevereiro
É sensível e, por modéstia, turvo,
De miúdas flores, amarela irrompe
A mimosa. E se enquadra na janela
Daquela minha casa de outros tempos,
Desta onde passo os anos da velhice.

E aproximar-me do grande silêncio,
Será um sinal que coisa alguma morre
Se sempre não retorna a sua aparência?

Ou finalmente saberei que a morte
Não impera senão sobre a aparência?

10

Das ânsias que me ocultaste em teus olhos,
Pelos quais vejo só o mover-se inquieto
No teu noturno repousar, sozinha
Teus membros rememoram,
A treva se une ao meu escuro sólito,
E faz com que eu não seja mais que noite,
No uivo mudo, noite.

11

É névoa, cegueira vaga, a tua ausência,
É esperança que desgasta esperança,

Longe de ti não ouço mais nos ramos
Os sussurros que esbanjam as folhagens
Com úvulas noviças
Quando ardores primaveris provocas
Na minha fibra esquálida.

12

O Oeste, na espádua escurecida, sente
Manchas de sangue que se tornam largas,
Que, do fundo de noites de memória,
Reavidas, no vazio
Logo se isolarão,
E sangrarão sozinhas.

13

Rosa secreta, floresces no abismo
Logo quando eu me assusto relembrando
Como súbito exalas
No alçar-se do lamento.

O milagre evocado então me funde
A noite de antes na outra noite em que
Para perder-te e te encontrar seguias,
Feitos na liberdade
Mais e mais abrasantes,
O deslumbre e a mordida.

14

Parece a luz que cresce,
Ou no zênite, o amor.

Se em um momento apenas
Do Sul ela se afasta,
Podes chamá-la morte.

15

Se a volúpia os envolve,
Buscando em desespero a claridade
Ele a vê numa nuvem
Que insaciável corta
Os furacões encavalados, freios.

16

Daquela estrela à outra
A noite se encarcera
Num vazio turbinante desmedido,

Daquela solidão de uma estrela
Àquela solidão de outra estrela.

17

Luzir não visto pelos deslumbrados
Espaços desses astros
De vida imemorável
Loucos com o peso dessa solidão.

18

Para a luz suportares, seu açoite,
Se a luz aparecer,

Para a luz suportares, e a fixares
Sem um piscar de olhos,
No sofrer eu te treino,
Eu expio a tua culpa,

Para a luz suportares
Com o açoite a combato
E concluo um presságio que, terrível,
Nossa alegria se fará sublime!

19

Vigília e sono cessem, e se ausente
Desta carne cansada,
Por teu conforto, a agonia sem trégua.

20

Se ignorares outra vez mais as horas,
Talvez ocorrerá que esse tremor
Retrema, que em um átimo te fez
Feliz, privado de alma?

21

Poderás retornar
Sem malícia, a ser criança?

Com olhos que não vejam
Nada senão, enquanto à luz faísca,
A casta irrequietude de uma fonte?

22

É sem fôlego, a tarde, irrespirável,
Se vós, mortos, e os poucos vivos que amo,
Não me viésseis à mente
Trazendo-me o bem, quando
Por solidão, compreendo, nesta tarde.

23

Neste século nosso da paciência
E da pressa angustiante,
Voltado para o céu, que se duplica
E mais, formando um casco, nos faz mínimos
Em sua mercê, privados de limites,
Nesse voo de uma altura
De uns doze quilômetros já podes
Ver o tempo branqueando e se tornando
Uma doce manhã,
Podes, sem referência
Ao circundante espaço
Vindo a te recordar
Que és projetado na velocidade
De mil milhas por hora
A curiosidade irrefreável
E a vontade fatal

Esquecendo-te do homem
Que nunca cessará seu crescimento,
E já cresceu um tamanho desumano,
Podes saber o que há quando se ausenta
Alguém, que não tem pressa nem paciência
Olhando sob os véus
O incêndio que há na terra ao fim da tarde.

24

Agarrem-me, azuis garras do milhafre
E, no ápice do sol,
Deixem-me sobre a areia
Cair em pasto aos corvos.

Não mais terei a lama nas espáduas,
Límpido pelo fogo,
Por bicos crocitantes,
Pelas fétidas presas dos chacais.

E mostrará o beduíno,
Descobrindo da areia,
Movendo com o bastão,
Uma ossada branquíssima.

25

Descia em Siracusa sem a lua
A noite e a água plúmbea
E contida em seu fosso ressurgia,

Seguíamos sós por dentro da ruína,

Um cordoeiro se move do remoto.

26

No estertor sufocada ela esvanece,
Torna, retorna, fora de si torna,
E sempre a ouço mais dentro de mim
Ficar sempre mais viva,
Clara, afetuosa, mais amada, horrível,
A tua palavra extinta.

27

O amor já não é aquela tempestade
Que no clarão noturno
Ainda me cativava há pouco tempo
Entre a insônia e a insânia,

Bruxulear de um farol
Ao qual ruma tranquilo
O velho capitão.

 

ULTIMI CORI PER LA TERRA PROMESSA

 

1

Agglutinati all’oggi
I giorni del passato
E gli altri che verranno.

Per anni e lungo secoli
Ogni mattino sorpresa
Nel sapere che ancora siamo in vita,
Che scorre sempre come sempre il vivere,
Dono e pena inattesi
Nel turbinío continuo
Dei vani mutamenti.

Tale per nostra sorte
Il viaggio che proseguo,
In un battibaleno
Esumando, inventando
Da capo a fondo il tempo,
Profugo come gli altri
Che furono, che sono, che saranno.

2

Se nell’incastro d’un giorno nei giorni
Ancora intento mi rinvengo a cogliermi
E scelgo quel momento,
Mi tornerà nell’animo per sempre.

La persona, l’oggetto o la vicenda
O gl’inconsueti luoghi o i non insoliti
Che mossero il delirio, o quell’angoscia,
O il fatuo rapimento
Od un affetto saldo,
Sono, immutabili, me divenuti.

Ma alla mia vita, ad altro non più dedita
Che ad impaurirsi cresca,
Aumentandone il vuoto, ressa di ombre
Rimaste a darle estremi
Desideri di palpito,
Accadrà di vedere
Espandersi il deserto
Sino a farle mancare
Anche la carità feroce del ricordo?

3

Quando un giorno ti lascia,
Pensi all’altro che spunta.

È sempre pieno di promesse il nascere
Sebbene sia straziante
E l’esperienza di ogni giorno insegni
Che nel legarsi, sciogliersi e durare
Non sono i giorni se non vago fumo.

4

Verso meta si fugge:
Chi la conoscerà?

Non d’Itaca si sogna
Smarriti in vario mare,
Ma va la mira al Sinai sopra sabbie
Che novera monotone giornate.

5

Si percorre il deserto con residui
De qualche immagine di prima in mente,

Della Terra Promessa
Nient’altro un vivo sa.

6

All’infinito se durasse il viaggio,
Non durerebbe un attimo, e la morte
È già qui, poco prima.

Un attimo interrotto,
Oltre non dura un vivere terreno:

Se s’interrompe sulla cima a un Sinai,
La legge a chi rimane si rinnova,
Riprende a incrudelire l’illusione.

7

Se una tua mano schiva la sventura,
Con l’altra mano scopri
Che non è il tutto se non di macerie.

È sopravvivere alla morte, vivere?

Si oppone alla tua sorte una tua mano,
Ma l’altra, vedi, subito t’accerta
Che solo puoi afferrare
Bricioli di ricordi.

8

Sovente mi domando
Come eri ed ero prima.

Vagammo forse vittime del sonno?

Gli atti nostri eseguiti
Furono da sonnambuli, in quei tempi?

Siamo lontani, in quell’alone d’echi,
E mentre in me riemergi, nel brusio
Mi ascolto che da un sonno ti sollevi
Che ci previde a lungo.

9

Ogni anno, mentre scopro che Febbraio
È sensitivo e, per pudore, torbido,
Con minuto fiorire, gialla irrompe
La mimosa. S’inquadra alla finestra
Di quella mia dimora d’una volta,
Di questa dove passo gli anni vecchi.

Mentre arrivo vicino al gran silenzio,
Segno sarà che niuna cosa muore
Se ne ritorna sempre l’apparenza?

O saprò finalmente che la morte
Regno non ha che sopra l’apparenza?

10

Le ansie che mi hai nascoste dentro gli occhi,
Per cui non vedo che irrequiete muoverse
Nel tuo notturno riposare, sola
Le tue memori membra,
Tenebra aggiungono al mio buio solito,
Mi fanno più non essere che notte,
Nell’urlo muto, notte.

11

È nebbia, acceca vaga, la tua assenza,
È speranza che logora speranza,

Da te lontano più non odo ai rami
I bisbigli che prodigano foglie
Con ugole novizie
Quando primaverili arsure provochi
Nelle mie fibre squallide.

12

L’Ovest all’incupita spalla sente
Macchie di sangue che si fanno larghe,
Che, dal fondo di notti di memoria,
Recuperate, in vuoto
S’isoleranno presto,
Sole sanguineranno.

13

Rosa segreta, sbocci sugli abissi
Solo ch’io trasalisca rammentando
Come improvvisa odori
Mentre si alza il lamento.

L’evocato miracolo mi fonde
La notte allora nella notte dove
Per smarrirti e riprenderti inseguivi,
Da libertà di piú
In piú fatti roventi,
L’abbaglio e l’addentare.

14

Somiglia a luce in crescita,
Od al colmo, l’amore.

Se solo d’un momento
Essa dal Sud si parte,
Già puoi chiamarla morte.

15

Se voluttà li cinge,
In cerca disperandosi di chiaro
Egli in nube la vede
Che insaziabile taglia
A accavallarsi d’uragani, freni.

16

Da quella stella all’altra
Si carcera la notte
In turbinante vuota dismisura,

Da quella solitudine di stella
A quella solitudine di stella.

17

Rilucere inveduto d’abbagliati
Spazi ove immemorabile
Vita passano gli astri
Dal peso pazzi della solitudine.

18

Per sopportare il chiaro, la sua sferza,
Se il chiaro apparirà,

Per sopportare il chiaro, per fissarlo
Senza battere ciglio,
Al patire ti addestro,
Espío la tua colpa,

Per sopportare il chiaro
La sferza gli contrasto
E ne traggo presagio che, terribile,
La nostra diverrà sublime gioia!

19

Veglia e sonno finiscano, si assenti
Dalla mia carne stanca,
D’un tuo ristoro, senza tregua spasimo.

20

Se fossi d’ore ancora un’altra volta ignaro,
Forse succederà che di quel fremito
Rifrema che in un lampo ti faceva
Felice, priva d’anima?

21

Darsi potrà che torni
Senza malizia, bimbo?

Con occhi che non vedano
Altro se non, nel mentre a luce guizza,
Casta l’irrequietezza della fonte?

22

È senza fiato, sera, irrespirabile,
Se voi, miei morti, e i pochi vivi che amo,
Non mi venite in mente
Bene a portarmi quando
Per solitudine, capisco, a sera.

23

In questo secolo della pazienza
E di fretta angosciosa,
Al cielo volto, che” si doppia giù
E più formando guscio, ci fa minimi
In sua balia, privi d’ogni limite,
Nel volo dall’altezza
Di dodici chilometri vedere
Puoi il tempo che s’imbianca e che diventa
Una dolce mattina,
Puoi, non riferimento
Dall’attorniante spazio
Venendo a rammentarti
Che alla velocità ti catapultano
Di mille miglia all’ora,
L’irrefrenabile curiosità
E il volere fatale

Scordandoti dell’uomo
Che non saprà mai smettere di crescere
E cresce già in misura disumana,
Puoi imparare come avvenga si assenti
Uno, senza mai fretta né pazienza
Sotto veli guardando
Fino all’incendio della terra a sera.

24

Mi afferri nelle grinfie azzurre il nibbio
E, all’apice del sole,
Mi lasci sulla sabbia
Cadere in pasto ai corvi.

Non porterò piu sulle spalle il fango,
Mondo mi avranno il fuoco,
I rostri crocidanti,
L’azzannare afroroso di sciacalli.

Poi mostrerà il beduino,
Dalla sabbia scoprendolo
Frugando col bastone,
Un ossame bianchissimo.

25

Calava a Siracusa senza luna
La notte e l’acqua plumbea
E ferma nel suo fosso riappariva,

Soli andavamo dentro la rovina,

Un cordaro si mosse dal remoto.

26

Soffocata da rantoli scompare,
Torna, ritorna, fuori di sé torna,
E sempre l’odo più addentro di me
Farsi sempre più viva,
Chiara, affettuosa, più amata, terribile,
La tua parola spenta.

27

L’amore più non è quella tempesta
Che nel notturno abbaglio
Ancora mi avvinceva poco fa
Tra l’insonnia e le smanie,

Balugina da un faro
Verso cui va tranquillo
Il vecchio capitano.


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