Os labirintos da poesia
Interessa a Alberto Pucheu e aos autores que reuniu ao redor de Malufe absorver com a poesia o que acontece agora (Divulgação)
O percurso de Alberto Pucheu como poeta e ensaísta sempre se destacou pelas múltiplas contaminações entre campos que, no geral, aparecem separados. Até mesmo seu currículo acadêmico confirma esse interesse por transitar, tensionar e não aceitar como diversos os campos que lhe interessam e outros que descobre no caminho, desde a graduação e o mestrado em Filosofia até o doutorado e a docência atual em Letras. Na filosofia dos poetas, na poesia dos filósofos – foi sempre aí que Pucheu se sentiu mais à vontade. E mesmo os títulos de vários dos seus livros de poesia nos permitem refletir sobre a persistência desses trânsitos: penso em Na cidade aberta (1993), A fronteira desguarnecida (1997) e Escritos da indiscernibilidade (2003).
Diante da poesia potente de Pucheu, a cidade está aberta. As fronteiras estão desguarnecidas. É a indiscernibilidade que atrai sua escrita. Talvez seja por isso que, agora, quando o leitor tem em mãos os livros recentes lançados pelo poeta-filósofo, ele não se espante ao perceber em que jardim foram dar esses caminhos que se bifurcam e fundem: por trás da capa do “livro de poesia”, uma outra prática do pensamento; dentro do “livro de crítica”, uma outra forma de buscar a poesia.
Em 2017, Pucheu lançou Para que poetas em tempos de terrorismos?, uma reunião de poemas que, desde a pergunta do título até a forma reflexiva/digressiva que os poemas assumiram, convocava para o coração do incômodo. Dos incômodos dos nossos tempos de terrorismos. Tudo assim: plural. Poetas, tempos, terrorismos. P
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »