Arcas de Babel: Graciela Huinao e Roxana Miranda

Arcas de Babel: Graciela Huinao e Roxana Miranda
As poetas Graciela Huinao e Roxana Miranda (Fotos: Secretaria de Cultura CDMX e Arquivo Pessoal)

 

A poesia leva ao que há de mais singular em cada língua e desafia a experiência da tradução. Entretanto, muitas e muitos poetas traduzem, e às vezes a escrita poética surge junto com um olhar estrangeiro para a própria língua, vem com a consciência de sua singularidade, entre tantas outras.

Esse estranhamento intensifica as forças de transformação no interior das línguas, estendendo seus limites, ampliando seus horizontes. E nunca precisamos tanto dos horizontes que a poesia projeta, agora que uma nuvem pesada encobre perspectivas de futuro… Talvez traduzir poesia seja um modo de contribuir para a construção, não de uma torre, mas de uma ponte ou de uma arca utópica que nos ajude a atravessar o dilúvio. Que nela, aos pares, as línguas se encontrem, fecundas.

A série Arcas de Babel acolhe traduções de poesia e está aberta também a testemunhos sobre a experiência de traduzir.

A edição de hoje traz duas poetas Mapuche-Huilliche: Graciela Huinao e Roxana Miranda.

Nascida no território de Chaurakawin (Osorno, sul do Chile), Graciela Huinao (1956) foi a primeira mulher indígena a ocupar uma cadeira na Academia Chilena de Letras. Atualmente reside na cidade de Santiago, onde há décadas trabalha como ativista cultural em escolas e bibliotecas públicas. Autora de Walinto (2001) e Desde el fogón de una casa de putas williche (2010).

Roxana Miranda (1982), que também nasceu no território de Chaurakawin, é autora de La Seducción de los venenos (2008), Shumpal (2011) e Trewako (2017), obras nas quais se destaca a voz erótica das mulheres. Atualmente reside na cidade de Osorno, onde trabalha como professora de Letras em escolas públicas.

Como outras/os escritoras/es Mapuche, as duas autoras foram violentamente privadas de sua língua materna, o mapudungun, mas procuram recuperá-la e trazê-la para os seus processos de escrita poética, solicitando traduções de seus poemas aos poucos falantes nativos que restam. Fizemos questão de manter na publicação a presença desta língua ancestral que as duas autoras convocam em suas obras. As traduções ao mapudungun dos poemas de Roxana Miranda foram feitas por Víctor Cifuentes Palacios e a do poema de Graciela Huinao é de Clara Antinao Varas.

Valentina Bascur Molina, que traduziu os poemas do espanhol, é pesquisadora, escritora, mestre em Estudos Feministas pela UFBA. Nasceu e cresceu em Temuco, território de Wallmapu, Chile. Reside no Brasil há nove anos. Autora de Kümedungun: trajetórias de vida e a escrita de si de mulheres poetas Mapuche.

***

 

Graciela Huinao

 

Apresentamos a seguir uma tradução do poema “A Loika”, publicado pela primeira vez em 1989, inaugurando a trajetória de Graciela Huinao como poeta e escritora. Em seguida vem “Simulacro de Biografia”, “Visão Cigana” e “A máscara da fome”, que fazem parte da antologia “Wallinto”, obra escrita em Espanhol e traduzida em Mapudungun, que a consolida como referência para a literatura mapuche contemporânea.

 

A Loika

 

 

Por quê canta a loika?
Se cortaram a árvore
onde costumava cantar.
Terá que buscar uma nova,
cantando se vai.
Por quê canta a loika?
Se roubaram a terra
onde ia aninhar.
Terá que buscar novas terras,
cantando se vai.

Por quê canta a loika?
Se não lhe deixam migalhas
para comer,
porque o fruto dos seus bosques
foram roubados num amanhecer,
a loika canta por não comer.

Loika, por quê cantas,
apenas por trilar?

– Canto pela minha árvore, migalhas, terras,
por tudo que ontem foi meu.
– Canto pela tristeza de perdê-lo…
E porque loika… um dia,
um dia se perderão.

 

La Loika

 

 

¿Por qué canta la loika?
Si le han cortado el árbol
donde solía cantar.
Tendrá que buscar uno nuevo,
cantando se va.
¿Por qué canta la loika?
Si le han robado la tierra
donde iba a anidar.
Tendrá que buscar tierras nuevas,
cantando se va.

¿Por qué canta la loika
Si no le dejan migajas
para comer,
porque el fruto de sus bosques
se los robaron en un amanecer,
la loika canta por no comer.

¿Loika por qué cantas,
sólo por trinar?

– Canto por mi árbol, migajas, tierras,
por lo que fue mío ayer.
– Canto por la pena de perderlo…
Y porque loika… un día,
un día se perderán.

 

Simulacro de biografia

 

(Fragmento)

De porta fechada me encontrou a adolescência. Onde o sol, ao esquentar minha casa, pelas janelas surgia um aroma de floresta em flor. Mas um dia, do ano 77, o Norte visava-se escuro e caiu como quem diz, do céu.
Entrou na minha casa pela porta que mais dói, e quando minha casa se fez pequena, saiu pelas ruas onde eu fugia, deixando de par em par as portas abertas da minha cidade, pela razão mais desbocada que persegue todo animal: A fome.
Depois de tanta miséria e antes que se corroa o terno de saída, meu pai brigou com a vida, não se defendeu. Levou seu chapéu marrom para que a companheira da infância o reconheça e um buquê de flores brancas pelos oito anos de espera. Sei que juntos olham para mim quando escrevo algum poema.
Agora, pela esquina da minha vida o tempo passa severo, num bairro marginal de Santiago e todos os dias coloco nas costas minhas raízes enquanto meus olhos acariciam a distância entre eu e meu amante que não posso abandonar nem esquecer: O SUL.

 

Simulacro de biografia

 

(Fragmento)

A puerta cerrada me encontró la adolescencia. Donde el sol, al entibiar mi casa, por las ventanas asomaba un aroma a bosque en flor.
Pero un día, del año 77, el norte se divisaba negro y cayó como quién dice del cielo.
Entró en mi casa, por la puerta que más duele y cuando se le hizo pequeña mi casa, salió a las calles donde yo arrancaba dejando de par en par las puertas abiertas de mi ciudad, por la razón más desbocada que persigue a todo animal: El hambre.
Después de tanta miseria y antes que se le apolille el terno de salida, mi padre se peleó con la vida, no se defendió. Llevó su sombrero café para que la compañera de infancia lo reconociera y un ramo de flores blancas por los ocho años de espera.
Sé que juntos me miran cuando escribo algún poema. Ahora, por la esquina de mi vida el tiempo pasa severo, en un barrio marginal de Santiago y todos los días echo a cuestas mis raíces mientras mis ojos acarician la distancia entre yo y mi amante que no he podido dejar ni olvidar: EL SUR

 

Visão cigana

 

Uma cigana me disse um dia ao ler minha sorte:
“Não tens linhas nas tuas mãos, tens versos”
Seus olhos anciões voltaram à minha mão e me disse:
“Algum dia você lembrará de mim”.
Não tenho esquecido essa profecia.
Naquela época eu era uma menina recém-chegada do Sul.
Em 1989 publiquei meu primeiro poema, “A Loika”
e como um pássaro voaram meus versos em jornais, revistas e antologias nacionais, chegando até nos EUA.
Rahue é o meu lugar de origem e o rio me viu atravessar chorando a tarde em que deixei o meu lar, como toda mulher mapuche obrigada a migrar.
Agora hei de voltar com um livro embaixo do braço,
sem esquecer como cheguei, com um caderno de folhas amarelas
onde trancava meus primeiros versos ruins.
Agora não são melhores, apenas mais velhos.
Grata da natureza, desde o ventre da minha mãe que me deu o poder de escrever.

 

Visión Gitana

 

En ese entonces yo era una chiquilla recién llegada del sur.
En 1989 publiqué mi primer poema “La loika” y como un
pájaro volaron mis versos en diario, revistas y antologías
nacionales, llegando a los EE.UU.
Rahue es mi lugar de origen y el río me vio
atravesar llorando la tarde que dejé
mi hogar, como toda mujer mapuche obligada a emigrar
Ahora he de volver con un libro bajo el brazo,
sin olvidar cómo llegué, con un cuaderno de hojas
amarillas donde encerraba mis primeros malos versos.
Ahora no son mejores, sólo más viejos.
Agradecida de la naturaleza, desde el vientre de
mi madre que me dio el poder de escribir.

 

Visión Gitana

 

Kiñe gitana kiñe antü, pieneu peñmaeteu ñi mongen:
“Nielaimi wirin ta mi kuwü meu, nieimi ül”.
Ñi epu nge wiñio ñi kuwü meu ka pieneu:
“Kiñe antü poyetuaimi iñche meu”.
Ngüyilan feychi peumatun.
Feychi atü meu kiñe pichi domongefun we akulelu willi meu.
1989 meu pengelün ñi wünengechi ül “Chi Loika” ka
kiñe üñüm reke müpü ñi pu diarios meu,
revistas ka chi pu lifru meu tüfachi mapu meu, puuyelu EE.UU.
Rawe ñi mapu ñi tuumum ka chi leufü peeneu
ñi katrürupan ngümalen elkunulu ñi ruka iñche.
Kom pu mapuche domo reke mülerkelu ñi amuael kañ püle.
Feula wiñotuan kiñe lifru miñche ñi lipag,
ngüyinun chumngechi ñi akun,
kiñe chod cuaderno iñchuu cheu niemum ñi wüneke wesake ül.
Feula doy kükelungelai re kuifintuingün.
Mañumtulen chi karüntu meu,
ponwi ñi ñuke meu ñi eluemaeteu ñi wiriael

 

A máscara da fome

 

 

Meu corpo não se acostuma
a este companheiro
que hoje bate no meu corpo
e amanhã
abre a porta da minha casa
ultraja em minha mesa
a última dignidade que possuía

Eu te denuncio
porque te conheço de perto
tens a cara dolorosa da tristeza.
Foi o pior inimigo que chegou no meu povo
e nos roubaram as armas ao nos defendermos.

Fugimos
perseguidos por uma fera
alcançou-nos no Sul
e com seus caninos nos triturou a pobreza.

Hoje
no meu povo
a fome é rebeldia
e a poesia uma máscara
onde oculto o verso amargo
alimento deste canto
e na boca do meu povo
a tortura de cada dia.

 

La Máscara del Hambre

 

 

Mi cuerpo no se acostumbra
a este conviviente
que golpea hoy mi cuerpo
y mañana
abre la puerta de mi casa
ultraja en mi mesa
la última dignidad que poseía.

Yo te denuncio
porque de cerca te conozco
tienes la cara desgarrante de la tristeza.
Fue el peor enemigo que llegó a mi pueblo
y nos robaron las armas al defendernos.

Arrancamos
perseguidos por una fiera
nos dio alcance en el sur
y con sus colmillos nos trituró la pobreza.

Hoy
en mi pueblo
el hambre es rebeldía
y la poesía una máscara
donde oculto el verso amargo
alimento de este canto
y en la boca de mi pueblo
la tortura de cada día.


 

Roxana Miranda Rupailaf

 

A seguir, alguns poemas do seu livro La Seducción de los venenos (2008), escrito em Espanhol e traduzido em Mapudungun.  Neste livro, a poeta apresenta narrativas alternativas sobre mulheres bíblicas e sobre o significado das serpentes, propondo hibridações entre a cultura judeu-cristã e a cultura Mapuche.

 

Serpiente: Sabe empero, dios que en cualquier tempo que comeréis de él, se abrirán vuestros ojos y seréis como dioses, conocedores de todo, del bien y del mal.
(Génesis, capitulo III, versículo 5)

Come la manzana
mi querida

Suelta baba – rojo
en las dos llamas.

Muérdete a la carne
y haz el jugo espeso
mezclándolo con sal.

Devórate los frutos en fuego
y muéstrale el deseo
a los que duermen.

 

Serpente: porque deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.
(Gênesis, capítulo III, versículo 5)

Come a maçã
minha querida

Solta baba – vermelho
nas duas chamas.

Morde a carne
e faz o sumo espesso
misturando-o com sal.

Devora os frutos em fogo
e mostra o desejo
aos que dormem.

 

Evas

 

En la calle de la Sierpe, donde ves a Adán, vuelto en portugués, que en aqueste amargo valle con bocados solicitan mil Evas; que aunque dorados, en efecto son bocados con que las vidas nos quitan. (El burlador de Sevilla, Tirso de Molina).

 

Hágase la tierra.
Le pondremos viento en el ombligo
y mar entre las piernas.

Hágase la luz y las estrellas.
En sueños celestes trasnocharé para no ser vista.

Háganse los peces, los animales, las aves.
Multiplíquense y habiten el reino de mis caderas.

Háganse las flores y los frutos
para simular la fiesta.

Hágase el hombre del barro de mi garganta
que de la saliva salga a cantar.

Hágase la mujer a mi imagen
con la divina dulzura del lenguaje.

 

Evas

 

 

Na rua da Sierpe, onde vês Adão, convertido em português, que neste vale amargo com bocadas solicitam mil Evas; que embora douradas, na verdade são bocadas com que nos tiram as vidas. (El burlador de Sevilla, Tirso de Molina).

Faça-se a terra.
Vamos pôr vento no umbigo
e mar entre as pernas.

Faça-se a luz e as estrelas.
Em sonhos celestes ficarei acordada para não ser vista.

Façam-se os peixes, os animais, as aves.
Multipliquem-se e habitem o reino dos meus quadris.

Façam-se as flores e os frutos
para simular a festa.

Façam-se o homem do barro da minha garganta
que saia da saliva para cantar.

Faça-se a mulher à minha imagem
com a divina doçura da linguagem.

 

Evas

 

Filu ñi rüpü, chew tami pénefiel mew ta Adán, portugués reke wüñóletulu, ta tüfáchi fure lelfün mew funápuwetulen ngillátuleyngün warángka Evas; chózkülellefule wüme, funápuwelekay müten chemu taiñ muntúñmangekemum iñ mongén. (Chi Sevilla tuwchi wezwez, Tirso de Molina)

Zewpé mapu.
Püzómew ta tukúlelafiyiñ kürüf
ka lakfen llengá púrangi chang.

Zewpé may pelóngmayew pu wangkülen.
Painéke pewmamu may wünmayan tañi péwümengenoal.

Zewpé chi pu challwá, chi pu kullíñ, chi pu üñüm.
Yallmün fey ta mülépamün iñché tañi pu trutré ñi mapu mew.

Zewpé pu rayen ka chi pu fün
ta tromünarümafiel chi kawiñ.

Zewpé chi wentru iñché tañi pel ñi fotrámew
ta kkewünmu tripápe ülkantugal.

Zewpé chi zomo iñché tañi az reke
ta kewün ñi zoy küme kochü kozay mew.

 

Dalila

 

Los cabellos largos son para una noche – dices – para esta noche, pero a mí me amanece lento dentro de los huesos.

I

Dalila después de envolverse
los senos con tu pelo
clava el puñal en el centro de la sangre.
Te envuelve con la sábana,
te corta a tijeretazos,
y huye,
satisfecha,
talvez, por la victoria
de ser ella quien abandona la cama.

II

Cuando Dalila recordó el nombre
sólo vio el puñal
entre las sábanas.
Sólo una flor del ramo de cabellos
le acarició la espalda
mientras caminaba
cerrando los ojos
para evitar el temblor en los pilares.

 

 

Dalila

 

Os cabelos longos são para uma noite – dizes – para esta noite, mas, amanhece lentamente dentro dos meus ossos.

I

Dalila depois de envolver
os seios com teu cabelo
crava o punhal no centro do sangue.
Te envolve com o lençol,
te corta à tesouradas,
e foge,
satisfeita,
talvez, pela vitória
de ser ela quem abandona a cama.

II

Quando Dalila lembrou o nome
apenas viu o punhal
entre os lençóis.
Apenas uma flor do buquê de cabelos
lhe acalentava as costas
enquanto caminhava
fechando os olhos
para evitar o tremor dos pilares.

 

 

Dalila

 

Fütrake kal-longko ta kiñe púnmew may zuámngeki –feypimi- tüfachi púnmew, welu iñche ngellú wünmalen
punwí pu foro.

I
Dalila zew munúlkünulu ngati
ñi puke moyó tami longkó mew
chüngártukufi chi püylawe rangíñ
mollfüñ mew.
Munúlkünueymu chi eküllngütantu mew,
chuchíchuchi kupíleymew,
fey nga lefmáwi
ayüwünkechi,
tañi wewünmew
kizúngenmew ñi élkünufiel chi ngütántu chemay.

II

Dalila ta kunümpatulu chi üy
ré chi pülawe müten pefí
pu ngütantu.
Kiñe rayén müten nga tüyechi rotrár longko mew
mañpüñmayew ñi furí
petu ñi trekalen
wumérwumertunerpun ñi ngé
kiñepülekünuwal chi pu üngkó ñi nengümün mew.

 

María Magdalena

 

 

I

Hay represiones
a las que agacho la cabeza
esperando que el desastre
pase entrándome en todos
los silencios.

No son éstos los gritos
de protesta
y estoy ronca de caerme
contra el viento.

Hay represiones en las
que me muero.

Ojos negros enterrados
en lo negro.

II

Tienes la piedra en la mano
y no la lanzas.
Tanto cemento en los ojos
para abrir la sangre en piel
escuchando a los vidrios
en lluvia
caerse
a la boca.

Espero a que lances la piedra
para cambiarme el color de las esquinas
en que tengo memoria
de otros golpes
en que tuve reflejos de lo rojo
y premoniciones de tu mano
en el aire girando.

 

Maria Madalena

 

 

I

Há repressões
as quais abaixo a cabeça
esperando que o desastre
passe entrando-me em todos
os silêncios.

Não são estes os gritos
de protesto
e estou rouca de cair
contra o vento.

Há repressões
nas quais morro.

Olhos pretos enterrados
no preto.

II

Tens a pedra na mão
e não a lanças.
Tanto cimento nos olhos
para abrir o sangue na pele
escutando aos vidros
em chuva
cair
na boca.

Espero que lances a pedra
para trocar-me a cor das esquinas
em que tenho memória
de outros golpes
em que tive reflexos do vermelho
e premonições da tua mão
girando no ar.

 

 

María Magdalena

 

 

I
Müli nga fentren ñopíñün
tañi nárlongkikünuwkel mew
üngümkünefiel chi wezázüngu
ñi rupáyal konturpanetew kom tañi pu
ñüküf pule.

Tüfánonga chi pu malón wirar
fey ta kafkülen fentre ñi tranánarün
küruf mew.

Mülí nga fentren ñopíñün
chew tañi lakémum.

Kurüke ngé rüngáltukulelu
ta kurümew.

II
Tami kuwümu niéfimi chi kura
fey ütrüflafimi.
Fentren trayáyrüpü nga puke ngémew
ngülánentugafiel chi mollfüñ ta trawámew
allkütunefiel chi pu ayóngpewe
mawün reke
ütrünarün
wün mew.

Üngümkülen tami ütrüfafiel chi kura
fey nga kalékünulelatew tañi pu ngüñún ñi afüngkan
chew ta longkotükunemum
kake wülél
chew ta fámrupamum kelü
ka femngechi uwámnefiel tami kuwü
trüngkáyküyawün küruf mew.


> Assine a Cult. A mais longeva revista de cultura do Brasil precisa de você

Deixe o seu comentário

TV Cult