Notas sobre Raymond Williams e o teatro
Raymond Williams, 1985 (Foto Mark Gerson / Reprodução)
Raymond Williams, em mais de uma ocasião, afirmou que seu interesse pelo teatro surgiu na leitura das peças de Henrik Ibsen, ocorrida após sua experiência como combatente do exército na Segunda Guerra Mundial. Ibsen foi, no fim do século 19, o dramaturgo mais influente entre os artistas que representaram a crise da sociedade burguesa no campo da família. Para Williams, é o autor que toca o limite da “tragédia liberal”. A leitura de sua obra, feita em contraste com as experiências trágicas do século 20, foi decisiva para que o jovem intelectual de origem operária encontrasse um caminho crítico diferente daquele praticado por seus pares na universidade.
Foram as reflexões de Raymond Williams sobre o drama moderno que produziram seu primeiro livro, de 1952, Drama, from Ibsen to Eliot. O interesse era literário, mas o teatro lhe impunha uma abordagem analítica nova, de sentido mais totalizante: começava ali um deslocamento dos modelos praticados por sua geração (fundados na ideia de uma “leitura cerrada” das obras), que fariam de Williams um dos mais importantes pensadores da relação entre arte e sociedade. Naqueles estudos sobre importantes dramaturgos europeus, Williams discute antes a conexão temática e formal entre os vários autores do que suas especificidades.
Ao fazer isso, observa que mesmo um grande renovador como Ibsen escreve várias peças a partir de uma antiga “estrutura de liberação” em que o herói luta contra um sistema de impedimentos. A polarização fundamental do drama da modernidade, surgida séculos a
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »