O estatuto da crítica

O estatuto da crítica
W. Ridgway, Daniel Huntington – Filosofia e arte cristã, 1878 (Reprodução)
A obra de Raymond Williams impressiona não apenas por suas dimensões – são livros, ensaios, artigos em revistas e jornais, manifestos e romances que cobrem quatro décadas do sé- culo passado –, como também pela diversidade dos campos nos quais interveio – crítica literária, crítica dramática, história social da educação, da imprensa, da televisão –, o que torna difícil, senão dispensável, qualquer tentativa de classificação. Mas mais do que um traço que indique o caráter especial do empreendimento analítico do autor, essa diversidade revela, em si, um aspecto central da natureza de seu projeto teó- rico e do caminho que ele percorreu para a sua consecução. Para ser mais preciso, o caráter abrangente do trabalho de crítica empreendido por Williams ganha mais inteligibilidade quando inscrito na sua relação com a crítica que dominou o cenário cultural e intelectual inglês ao longo da primeira metade do século 20, e em relação a qual Williams se engajou em um esforço de acerto de contas que se estendeu, sem exagero, por toda a sua vida. A centralidade da literatura e da crítica literária constitui uma singularidade da cultura inglesa no período que se estende de meados do século 19 até meados do século 20. Em um primeiro momento nos cursos de educação de adultos, mulheres e trabalhadores e, posteriormente, na universidade, críticos como Matthew Arnold, T.S. Eliot e F. R. Leavis procuraram consolidar os estudos de literatura como o centro do ensino e das humanidades. Projeto esse apoiado em um diagnóstico históri

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