Gay Talese: ‘Sou um produto da guerra’
O jornalista Gay Talese (Divulgação)
Um dos inventores do Novo Jornalismo, gênero que alia as ferramentas da literatura à construção de narrativas jornalísticas, Gay Talese encerrou as discussões do penúltimo dia do 4º Congresso Internacional de Jornalismo Cultural.
Filho de um imigrante italiano, Talese contou sobre sua experiência de crescer nos Estados Unidos durante a 2ª Grande Guerra. “Minha percepção de ser americano era muito frágil, tendo um pai de uma nacionalidade inimiga”, disse ele, que acredita ter sido inteiramente moldado pelo que vivenciou durante o período. “Sou um produto da guerra”, declarou.
Foi também nessa época que o jornalista passou a desenvolver a habilidade que considera mais indispensável à profissão: a observação. “Eu passava muito tempo na loja de vestidos da minha mãe. Observando e ouvindo as conversas das clientes, comecei a perceber que as boas histórias podiam estar nas pessoas comuns”.
Talese também destacou a leitura dos grandes autores da literatura universal como importante para sua obra. “Lendo autores como Ernest Hemingway, Guy de Maupassant e Liev Tolstói, eu aprendi a descrever cenas, construir diálogos… aprendi a escrever bem”, relatou.
Questionado sobre a validade da apuração feita apenas pela internet, ele respondeu: “Se você fizer esse tipo de jornalismo, você não será o tipo de jornalista que eu quero que você seja. Jornalismo é estar lá; é ter a informação em primeira mão”, afirmou ele, que também não acredita que o “bom jornalismo” sucumbirá à web. “A qualidade sempre permanece, sempre vence”.