Claire Denis: ‘Um filme não é uma lição de moral, mas uma proposição’

Claire Denis: ‘Um filme não é uma lição de moral, mas uma proposição’
A cineasta Claire Denis no Festival de Veneza de 2009 (Foto Nicolas Genin)

Durante palestra no 4º Congresso Internacional CULT de Jornalismo Cultural, a cineasta francesa Claire Denis narra as sensações e pensamentos que permeiam a produção de seus filmes. Como mediador estava Luis Carlos Oliveira Jr., editor da revista “Contracampo” e crítico de cinema.

A estética de Denis é extremamente tátil, pois a câmera parece farejar, tocar os atores, particularmente na obra “Nenette e Boni”, que conta a história de dois irmãos adolescentes com pais separados. “Eu tentei fazer um filme que associava a vida real às fantasias sexuais sem fronteiras. O filme não diz ‘Cuidado! Fantasia. Cuidado! Realidade’. É tudo intrínseco”, diz a cineasta.

A respeito do filme “O Intruso”, que trata de um homem que faz um transplante de coração, Denis relata que assistiu a uma cirurgia para realizar a obra. “O cirurgião não percebe, mas, para um ser humano normal, ver um peito vazio e mãos pegando em um novo coração é uma experiência incrível.” Mas acrescenta: “Não vou filmar isso. Não será o corpo do ator e nem seu coração”.

Ao ser questionada sobre as cenas de canibalismo em “Desejo e Obsessão”, Denis responde: “Na hora de rodar o filme, não houve mal-estar, pois são os atores que se encarregam fisicamente desse momento. A comoção começou na montagem, e, quando eu estava na projeção, em Cannes, me disseram que havia uma ambulância do lado de fora e que duas mulheres desmaiaram”.

Ao concluir a palestra, a cineasta afirma que “um filme não deve ser uma lição de moral, e sim uma proposição”.

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