Os jovens daqui e os do Estado Islâmico proximidades e diferenças

Os jovens daqui e os do Estado Islâmico proximidades e diferenças
Richard MacDonald modela escultura de argila inspirado pelos movimentos do bailarino Sergei Polunin (Divulgação)
  Alijados de referências simbólico-identificatórias que, atualmente, também se tornam precárias para todos, impelidos a responder – com a intensidade própria à juventude – a uma satisfação que extrapola o corpo, tanto jovens jihadistas franceses quanto os “meninos do tráfico”, para empregar a expressão cunhada por M.V. Bill, evidenciam a impressionante atualidade do que Lacan formulou acerca do racismo. Esses jovens, em contextos geográfico-culturais muito diversos, se enlaçam efetivamente como irmandades que têm os corpos como elemento de forte ligação, fazendo-os gravitar em torno de outros corpos com os quais podem também colidir ou pelos quais podem, ainda, se verem atraídos. Lacan, por sua vez, em 1972, conclui o Seminário 19 ...ou pior dizendo que a revalorização da palavra “irmão” implica uma “fraternidade do corpo” diversa dos “bons sentimentos” porque nela se enraíza, também, o “racismo”. Assim, o que afeta os corpos (como eles se satisfazem) e o que os irmana (com que se identificam) tem uma função tão importante para a concepção lacaniana do racismo quanto o que os segrega. No que diz respeito à satisfação nos corpos humanos, ela não segue rigorosamente um programa estabelecido pelo organismo: é perturbada pelo que se escuta e se diz. Por isso, cantamos com os Titãs que a gente não quer só comida, a gente quer diversão e arte. Podemos consumir o que nos faz mal mesmo sabendo disso e, desde tempos imemoriais, São João conclama-nos a “comer o Livro”... Nossa satisfação toma, portanto, tr

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