O patinho feio da literatura?

O patinho feio da literatura?
Gaelle Aminata Colin/Divulgação

Machado de Assis definiu o cronista como alguém capaz de promover “a fusão admirável do útil e do fútil, o parto curioso e singular do sério, consorciado com o frívolo”. Cria do jornalismo e da literatura, o gênero foi descrito ainda por Antonio Candido como um “gênero menor”: “ ‘Graças a Deus’ – seria o caso de dizer, porque sendo assim ela fica perto de nós”.

Perto de nós é onde Humberto Werneck localiza cada um dos textos reunidos em Viagem no país da crônica. Publicados originalmente ao longo de quatro anos no Portal da Crônica Brasileira, iniciativa do Instituto Moreira Salles e da Fundação Casa de Rui Barbosa, os textos, caminhando ao lado dos principais cronistas da literatura brasileira, atravessam primaveras, dias chuvosos e carnavais.

Werneck fala bastante de seus conterrâneos mineiros Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Jurandir Ferreira, mas não ignora outros representantes da era de ouro da crônica brasileira, como Rachel de Queiroz, Clarice Lispector, Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade, Machado de Assis e João do Rio.

Bom cronista – e mineiro – que é, Werneck tem especial perspicácia para garimpar interessantes histórias por dentro e às margens das crônicas citadas (cujos originais estão reunidos e disponíveis para leitura no Portal). Viagem no país da crônica torna esse gênero, descrito pelo autor como o “patinho feio da literatura”, um amigo ainda mais íntimo dos leitores, que passam a conhecer melhor os traços que o tornaram tão distintamente brasileiro.

Deixe o seu comentário

Novembro

TV Cult