Do lado de fora da caixa preta
(Bob Wolfenson/Cosac Edições/divulgação)
Em oposição à noção de interior, lócus característico onde Bob Wolfenson desenvolveu grande parte de seus trabalhos mais conhecidos como retratista de estúdio, o exterior é, por excelência, o lugar do encontro com a alteridade e com o acaso; espaço em que uma grande tradição fotográfica se desenrola desde o começo do século 20, quando as câmeras – antes manuseadas apenas em ambientes controlados – ganharam a portabilidade e a popularidade necessárias.
Wolfenson intui esse movimento quase natural em seu novo livro: Exteriores, publicado pela Cosac Edições – que se desdobra em uma exposição homônima na Unibes Cultural, com curadoria dele e de Ana Tonezzer, e conta com uma breve entrevista realizada pelo editor Charles Cosac.
As imagens reunidas em Exteriores refletem uma vasta coleção de cinco décadas de erráticas e ocasionais saídas a campo: em percurso livre e contínuo que se desenrola por várias cidades, ao sabor dos acontecimentos e dos acidentes cuidadosamente selecionados das possibilidades infinitas do lado de fora do estúdio.
Também utilizando o celular para produzir algumas das imagens presentes no livro, o fotógrafo afirma o imperativo do olhar sobre o equipamento utilizado. Wolfenson aproxima seu trabalho da lógica do flâneur, deixando fluir a curiosidade e a vontade de registrar o mundo em imagem, e ainda reivindica para a fotografia o mesmo status artístico da literatura; afinal, em um contexto em que todos podem fotografar (ou escrever), “é necessário ter técnica, ideias, estilo e um pacto ritualístico com o objeto ou o sujeito diante da câmera”.






