O dia em que Foucault se fez
O filósofo francês Michel Foucault (Foto Martine Franck/ Latinsrock)
Há 50 anos, Foucault publicava Loucura e Desrazão – História da Loucura na Idade Clássica. Embora não fosse seu primeiro livro (Doença Mental e Personalidade é de 1954), ele era o início efetivo de sua experiência intelectual. Pois, por meio dele, Foucault aparecia no cenário filosófico contemporâneo como portador de uma nova questão de método que estaria, a partir de então, sempre associada a seu nome.
A questão de método dizia respeito a seu modo peculiar de “fazer filosofia”.
Contrariamente ao padrão tradicional do comentário de textos e das grandes dissertações sobre autores, Foucault apresentava um trabalho sobre a lenta transformação da experiência da loucura em doença mental, ou seja, em objeto de um discurso que aspira a cientificidade (a psicologia e a psiquiatria) e que visa fundar modos estabelecidos de intervenção.
Nesse sentido, o trabalho poderia ser visto, na verdade, como pertencente a um setor da epistemologia que, na França, era conhecido como “epistemologia histórica”. Uma tradição que não compreende a tarefa da epistemologia como fundação de uma teoria do conhecimento baseada na análise das faculdades cognitivas e da estrutura possível da experiência.
Antes, nomes como Canguilhem, Bachelard, Cavaillès e Koyré são lembrados por vincularem radicalmente reflexão epistemológica e reconstrução de uma história das ciências.
Tratava-se de esclarecer a gênese dos padrões de racionalidade presentes nas ciências por meio de uma profunda articulação entre história das ciências
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