A normalização das homossexualidades e os destinos do masculino
Mudaram as mulheres, e agora os homens já não sabem quem são ou o que devem fazer (Foto: Rony Hernandes)
A discussão sobre o masculino e suas vicissitudes não nos parece algo muito frequente, como se sobre o ser homem não pairassem dúvidas ou coubesse qualquer indagação.
Nesse raciocínio, o homem e o masculino aparecem como mitos, no sentido barthesiano do termo: narrativas que, naturalizadas, convertem-se em verdades últimas, materializadas a seguir em imagens marcadas pela tautologia, como o sedutor do cinema hollywoodiano, o bom malandro ou o cowboy solitário. Imagens que mostrariam o homem como ele é, sem contudo nunca reduzi-lo a objeto. Imagens diante das quais, em geral, não temos muito a fazer senão aceitá-las.
Por outro lado, na contracorrente da natureza mitológica do ser homem, nos acostumamos recentemente a dizer que o masculino está em crise, ou pior, falamos agora não mais do masculino, mas em masculinidades, todas elas marcadas por certa indefinição ou instabilidade.
Numa leitura usual, tal crise do masculino se articula a mudanças no lugar e nos papéis ocupados pela mulher na sociedade. Mudaram as mulheres, e agora os homens já não sabem quem são ou o que devem fazer.
A socióloga Eva Illouz, ao discutir o lugar privilegiado dos afetos no capitalismo contemporâneo, também nos diz que alguns fatos marcantes do século 20, como a difusão da psicanálise e das psicoterapias e a entrada dos psicólogos nas fábricas a partir dos trabalhos de Elton Mayo ainda na primeira metade do século passado, junto com o movimento feminista e, por fim, o desenvolvimento das literaturas de autoajuda contribuíram para uma espéc
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