Dossiê | Cartografias da masculinidade

Dossiê | Cartografias da masculinidade
Como desconstruir uma masculinidade aprisionada entre o mito e o fracasso? (Foto: Rony Hernandes/Performer Paulo Henrique Rios)
  O que é o homem? Alguns afirmarão sem pestanejar que homem é aquele nascido com cromossomos XY e que, em decorrência dessa condição biológica, deverá interessar-se por mulheres, futebol, armas e, no limite, nutrir uma aversão declarada pela cor rosa. Outros dirão que é uma simples construção social que nada tem de natural. Há ainda a tese de que se trata de uma autoafirmação: homem é quem se diz homem, a despeito tanto de seu fenótipo quanto das imposições da sociedade. Homem é, também, o principal beneficiário de uma cultura patriarcal que violenta e mata mulheres, além de gozar de liberdades e benefícios que vão desde o direito à cidade, ao corpo próprio, até a uma diferença salarial – presente em todos os cargos, níveis de atuação e escolaridade –, que chega, no Brasil, a 53%. Mas notemos que, ainda que sensivelmente diferentes entre si, as respostas possíveis a essa pergunta quase sempre se conjugam num imperativo determinado. Ou melhor, são escutadas e interpretadas pelos homens a partir de uma lógica de “dever ser”. Desde as mais conservadoras representações que ensinam a meninos que homem é quem bate, oprime e silencia o outro, até aquelas segundo as quais é o dever de todo homem desconstruir-se, reconhecer e abrir mão de sua miríade de privilégios, parece que estamos frente a uma pluralidade de ideais que acabam por se reduzir a uma gramática rígida de injunções. Homem é aquele que tem que ser. Mas ser o quê? Muito se fala atualmente em políticas identitárias. Grosso modo, trata-se de demand

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