Não há contradição entre o jornalista e o especialista, defende editor do Die Zeit

Não há contradição entre o jornalista e o especialista, defende editor do Die Zeit
O jornal alemão Die Zeit (Reprodução)

Mediados pelo professor José Coelho Sobrinho, chefe do departamento de Jornalismo e Editoração da ECA/USP, Moritz Müller-Wirth, editor-chefe adjunto do jornal alemão Die Zeit, Paulo Werneck, editor do caderno Ilustríssima, da Folha de S.Paulo, e Marcio Seligmann-Silva, professor de Teoria Literária e de Literatura Comparada da Unicamp, discutiram o tema Universidade nas páginas do jornal em mesa do 4º Congresso Internacional de Jornalismo Cultural.

Em sua fala, Werneck discorreu sobre o trabalho do jornalista cultural, que, ao seu ver, deve ser a mediação entre a produção acadêmica e o leitor médio. Para tal, ele aposta no didatismo, na clareza e objetividade na escrita. “O jornalista é a única experiência cultural de muitas pessoas. É preciso respeitar esse leitor”.

O jornalista ainda estendeu sua crítica à academia. “O trabalho acadêmico pode ser repensado, sim. Estamos vivendo uma era de transformação, então, por que estudos literários não podem ser feitos em textos claros e informativos?”, questionou ele, que acredita que a perícia necessária ao jornalista seja as habilidades de apuração e edição, e não a da especialidade em um único assunto.

Moritz concorda. “Não há contradição entre jornalista e especialista. A perícia é importante para o primeiro, mas a especificidade não lhe é conveniente”, declarou ele, que apontou o conhecimento, o know-how e o senso crítico como os pré-requisitos para o jornalismo.
Na contramão, Seligmann disse não acreditar em uma didatização do saber acadêmico e defendeu a publicação de artigos de especialistas nos jornais. “O jornalismo cultural deve permitir esse encontro dialógico, entre o discurso acadêmico e o grande público”.

(1) Comentário

  1. Taí, concordo com o Seligmann. Se esse encontro entre o discurso acadêmico e o grande público não for permitido pelo jornal, enquanto veículo de difusão cultural, nunca haverá diálogo nesse sentido. Simplificar, muitas vezes, pode significar incentivar a comodidade e colocar em dúvida a capacidade cognitiva do leitor, que não deve se acomodar, mas ir em busca de vias para que a assimilação do conhecimento se efetive.

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