Meu Foucault
Foucault participa de manifestação de apoio a trabalhadores imigrantes em Paris, em 1973 (Foto Gilles Peres/ Latinstock)
Em sua última edição do ano de 1978, a revista Aut Aut – a primeira na península a ter se interessado por Michel Foucault – publicou um artigo que eu, na realidade, havia escrito um ano antes, cujo título era “Sobre o Método da Crítica da Política”.
Era um texto em que eu avaliava a influência que os trabalhos de Foucault tinham tido até então – a última leitura foucaultiana até aquela data tinha sido a de Vigiar e Punir, traduzida na Itália em 1976 – sobre o pensamento da esquerda revolucionária italiana na qual eu militava naqueles anos.
Nessa época eu tinha começado a me debruçar sobre Marx, e em particular sobre os Grundrisse: entre 1977 e 1978, de fato, a convite de Althusser, eu tinha dado um curso sobre “Marx para Além de Marx”, na Escola Normal Superior . Se recordo esses elementos, é porque é importante chamar atenção para a coincidência entre minha leitura de Foucault e um período de meu trabalho em que procuro retomar e resumir uma longa experiência de “revisão” da leitura dos textos marxistas.
Essa revisão não é de maneira alguma uma recusa de Marx, como é frequentemente o caso no final dos anos 1970. Pelo contrário, ela se coloca sob o signo de uma adesão plena aos conceitos fundamentais da economia política, dentro de uma militância revolucionária.
Aliança com a direita
Por que, então, eu me interessei por Foucault? Porque, naqueles mesmos anos, o Partido Comunista Italiano (PCI) e os sindicatos, com os quais os “movimentos” de contestação social e política viviam um co
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