A pior direita do mundo quer fazer do Brasil o pior lugar do mundo
(Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
O processo de violência simbólica armado à direita nos últimos anos, baseado em mentiras, agressões, difamações, recusas de realidades e destruição de valores humanos e democráticos, não poderia chegar em outro lugar se não na total corrupção da vida, a sua verdade.
A grotesca mobilização de uma CPI em São Paulo para perseguir um homem universalmente reconhecido por seu trabalho como bom e justo, mas não por bolsonaristas e MBLs, é o retrato final do puro veneno que se tornou a direita brasileira. Ela chegou ao fundo do poço de seu próprio mal, degradada sem redenção. Essa ação política mais do que limite é o signo claro do fracasso humano, ético, moral e intelectual, de um movimento que tem lesado muito a vida por aqui. Mas não do fracasso político…
Incapaz de pensar qualquer realidade de interesse social e coletivo ampla, econômica ou cultural, verdadeiramente incapaz de produzir um alfinete sequer, ou um verso, a verdadeira direita do nada do Brasil partiu para a perseguição excitada de um único religioso, que se dedica ao povo jogado nas ruas da cidade, em estado de miséria. Perguntamos: por que não perseguem os pastores corruptos – como lemos nos jornais, pagos em barras de ouro em troca de Bíblias do Ministério da Educação de Bolsonaro – que tiram o dinheiro que podem dos pobres, com suas reais falsificações de Deus e de Cristo?
Porque essa verdadeira exploração espiritual de gente humilde é, como se demonstrou, máquina partidária da extrema direita brasileira, aparelho para sua política concreta de acesso ao poder financiado com nosso dinheiro público, da isenção de impostos pagos por todos nós. Esse grupo de promotores do ódio e do delírio é especialista em explorar valores, em qualquer lugar, em espécie, ouro, espírito ou impostos.
Vida política sem caráter, nem humanidade, preferem odiar e buscar destruir um padre que cuida e denuncia o mal concreto de nosso mundo, um homem dedicado às massas de desvalidos, em maior desamparo e risco. O povo miserável brasileiro, de longa história, produzido de fato no profundo capitalismo de origem escravista do Brasil. O mesmo capitalismo de massacre popular que o MBL tanto ama e tanto quer perpetuar, sádico e oportunista.
Tal direita não se preocupa, de forma alguma, com o aumento exponencial de famílias jogadas nas ruas, com a pobreza e com a violência que de fato explodiu no governo do neofascismo que ajudaram a levar ao poder. O mal do Brasil, segundo esse tipo de canalha destrutivo, macartista contra os direitos humanos da democracia, está em quem olha para a miséria. E o bem da política está, segundo esses ditadorzinhos de última categoria espiritual, em usar mandatos, tempo, estrutura e dinheiro públicos para perseguir um homem que dedica a vida aos mais pobres dentre os pobres.
A corrupção do que importa é total. É preciso odiar a humanidade do Padre Lancellotti, destruir o valor social de seu cristianismo. É preciso transformar o cristianismo em egoísmo, armamentismo obsceno, política burra do ódio contra tudo que é vivo e má ostentação da riqueza. É para isso que este tipo deseja o poder: para a perseguição desumana e ilegal. Apenas tudo o que são capazes de fazer.
É o nosso fim do mundo da política, da mínima racionalidade pública e de qualquer valor humano. Como já vimos muito bem nos quatro anos de catástrofe generalizada de Jair Bolsonaro. Lixo espiritual, bem presente entre nós, do Brasil dos MBLs, dos Bolsonaros e de outras excrescências do gênero.
Tales Ab’Sáber é psicanalista, ensaísta, professor de filosofia da psicanálise na Universidade Federal de São Paulo, autor de, entre outros, Lulismo, carisma pop e cultura anticrítica.