Hora do café com biscoito

Hora do café com biscoito
Ilustrações de Fortuna para o livro Hora do Recreio, Editora Sabiá, 1967 (Arte Revista Cult / Divulgação)
  Todas as quintas-feiras, no final da tarde, os escritores Ivan Ângelo e Humberto Werneck se encontram num café no bairro das Perdizes, em São Paulo, onde ambos moram há muitos anos. São velhos conhecidos, desde a juventude, em Belo Horizonte, quando Ivan Ângelo já escrevia suas crônicas e Humberto, estudante de Direito, o procurava para entregar algum conto que havia esboçado, aguardando o comentário do amigo apenas 10 anos mais velho. Depois, Ivan deixou sua cidade e, a bordo de um fusquinha azul, seguiu para São Paulo, desembarcando na redação do então recém-criado Jornal da Tarde. Humberto chegaria poucos anos depois, mas, como lembra, veio sacolejando numa poltrona da Cometa, viação que trouxe muitos mineiros para trabalhar nos primórdios do JT. Nesses encontros semanais – com eventuais mudanças de agenda, quando viajam ou estão atarefados com algum trabalho urgente –, os assuntos são variados. Pode começar por algum comentário sobre uma viagem recente, uma dica de um restaurante ou bar, a lembrança da façanha de algum amigo de redação, mas fatalmente essa conversa de mineiros desemboca numa Belo Horizonte que não existe mais, ou melhor, como dizia outro conterrâneo, o poeta e também cronista Paulo Mendes Campos, uma cidade onde se caminha mancando, “uma perna bate com dureza no piso do presente; a outra vai procurando um apoio difícil nas pedras antigas”. Enquanto conversam, Ivan vai bicando um copinho de Cointreau e Humberto toma algumas xícaras de espresso, mas sempre acompanhadas de biscoito de nata, dos quais o Gi

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