Habermas, ou como não jogar fora o bebê junto com a água do banho

Habermas, ou como não jogar fora o bebê junto com a água do banho
Habermas em 2014 (Foto Európai Bizottság/Dudás Szabolcs)
  Num recente congresso sobre direito e justiça numa sociedade global, o já setuagenário filósofo alemão Jürgen Habermas voltou a demonstrar uma das notórias características de seu pensamento, ao indagar quais critérios normativos nos permitem fazer escolhas no âmbito de um cosmopolitismo modificado pela derrocada da ordem mundial bipolar e pela emergência de uma potência predominante -- que é a de não jogar fora o bebê junto com a água do banho. Se o pomo da discórdia entre idealistas e realistas girava em torno da possibilidade de se estabelecer um marco jurídico entre as nações, a polêmica inaugurada pelos neoconservadores da pax americana não é mais a da conveniência da justiça entre as nações, com relações fundadas no direito ou na força bruta, mas a superação da função do direito como meio para atingir os objetivos de paz, segurança, democracia e direitos humanos, em prol da moralização da política internacional definida por um éthos liberal hegemônico. Ora, assim como não se deixa seduzir por decisões unilaterais de uma superpotência, ainda que com a suposição da boa intenção, Habermas advoga em seu projeto teórico um método de pesquisa que, sem perder a visão de conjunto própria do saber filosófico, resiste ao monismo unificador das teorias tradicionais e também um paradigma de pensamento que, aferrado ao papel da filosofia como guardiã da racionalidade, evita tanto a Cila do absolutismo, associado ao pensar totalizante da metafísica, quanto a Caribde do relativismo, representado por vários modelo

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