Fúria nas ruas
(Colagem: Laura Teixeira)
Não sou de forma alguma um otimista
sou um prisioneiro da esperança
(Cornel West, filósofo e ativista estadunidense e afrodescendente, 1993)
Do alto das costas de Stephen Jackson, ex-jogador da NBA, a pequena Gianna, filha de George Floyd, balançava suas longas tranças nas ruas e, com sorriso largo, em que se viam seus dentinhos de leite, disse repetidas vezes que seu pai havia mudado o mundo. “Daddy changed the world!”, exclamou a menina de apenas 5 anos na cidade de Minneapolis no dia 2 de junho de 2020. O vídeo que capturava um misto de esperança e inocência da voz daquela criança correu o mundo pelas redes sociais e canais televisivos, o que contrastou com as imagens de tensão e radicalismo dos protestos que só aumentavam nas cidades estadunidenses e ganhavam cada vez mais força em outros países naquele verão do hemisfério norte.
De fato, há muitas razões para acreditar que a morte de George Floyd produziu impacto global. E isso não apenas pela difusão dos protestos, mas também pelos desdobramentos das lutas antirracistas em todos os continentes e pelo efeito inquestionável no âmbito doméstico. Muitos especialistas defendem que a onda de protestos impactou diretamente as eleições presidenciais estadunidenses. Isso porque o então presidente de extrema-direita, Donald Trump, não recuou em suas posições radicais e preferiu falar ao seu eleitorado branco com base em racial codes. Os eleitores fiéis, por sua vez, não tardaram a sair às ruas contra as passeatas do Black Lives Matter, fazendo provocações, organizando
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