Freud e a teoria social
Sofrimento: os sujeitos devem estabelecer um compromisso entre suas exigências de satisfação e o que é socialmente permitido (Foto: Reprodução)
Freud é um autor fundamental no esforço de constituir um campo de reflexão sobre a modernidade. O recurso a ele foi uma constante em várias correntes de pensamento do século 20 e a razão para tal constância era evidente: longe de se colocar apenas como uma clínica do sofrimento psíquico, a psicanálise freudiana procurou, desde seu início, ser reconhecida também como teoria das produções culturais para desvendar a maneira com que sujeitos mobilizam sistemas de crenças, afetos, desejos e interesses para legitimar modos de integração a vínculos sociopolíticos. Freud afirmava que “mesmo a sociologia, que trata do comportamento dos homens em sociedade, não pode ser nada mais que psicologia aplicada. Em última instância, só há duas ciências, a psicologia, pura e aplicada, e a ciência da natureza”.
Partir do patológico sem reduzir o social
Não se trata aqui de reduzir a dimensão do social ao psicológico. Na verdade, esse recurso à psicanálise apenas realizava a intuição do sociólogo alemão Max Weber a respeito da necessidade de explicar como a racionalidade dos vínculos sociais depende fundamentalmente da disposição dos sujeitos em adotar certos tipos de conduta.
Em A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Weber lembrava como a racionalidade econômica do capitalismo dependia fundamentalmente da disposição dos sujeitos em adotar os tipos de conduta ligados a um modo de ser que remetia à ética protestante do trabalho e da convicção, estranha ao cálculo utilitarista, e cuja gênese deve ser procurada no c
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