“Escritos sobre arte”, de Vigotski, e outros lançamentos

“Escritos sobre arte”, de Vigotski, e outros lançamentos

 

Coletânea de ensaios em que o pensador russo, um dos fundadores da psicologia histórico-cultural, analisa diversas obras de arte: são contempladas resenhas críticas sobre teatro, dança, artes plásticas e literatura. Além desses três eixos temáticos, o ensaio “A psicologia contemporânea e a arte” completa a edição. Todos os textos são inéditos em português e, mesmo na Rússia, só foram incluídos em 2015 nas obras completas de Vigotski. Escritos entre 1912 e 1928, esses artigos deixam ver não apenas a interação do autor com as artes de seu tempo, mas cria igualmente um panorama da situação das artes na Rússia pré-revolucionária. Como explica Priscila Marques, que organizou e traduziu os textos por mais de uma década, o livro inteiro é atravessado pela ideia de que a arte dialoga com o real e tem a capacidade de ultrapassá-lo, sendo sintetizada em “Psicologia da arte” com a “metáfora bíblica da transformação da água em vinho”.

Uma iminente avalanche de gelo está prestes a dizimar a humanidade. O narrador, “a garota” e “o guardião”, os três protagonistas envolvidos em um suposto triângulo amoroso, tentam se salvar da aniquilação e de si mesmos. Esse é o enredo de Gelo, romance publicado em 1967, um ano antes da morte de sua autora, a inglesa Anna Kavan. Apesar de o desastre de gelo evocar os chocantes acontecimentos do século 20, como a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria e a constante ameaça nuclear, sua “inquietação fundamental reside na interação indissociável entre os mundos interno e externo”, nas palavras de Jonathan Lethem, que assina o prefácio. Tal inquietação expressa-se na narrativa descontínua e experimental, o que aproxima o romance, na opinião de Lethem, de filmes como Alphaville, de Godard, e O ano passado em Marienbad, de Alain Resnais.

Em uma das mais antigas narrativas concebidas pela humanidade, a princesa, poeta e sacerdotisa suméria Enheduana é exilada e pede auxílio para Inana, divindade do amor, do sexo e da guerra. Composta há 4 mil anos pela primeira mulher a escrever poesia e assinar o que hoje se concebe como literatura, “A exaltação de Inana” não aborda apenas o contexto religioso da Suméria, mas traz reflexões sobre o fazer poético e as tensões políticas da Mesopotâmia. A edição conta ainda com o texto original em sumério, apresentação da historiadora Kátia Pozzer e o poema “A descida de Inana ao mundo dos mortos”, que narra a morte e ressurreição da deusa Inana.

Com traços autobiográficos, o romance de estreia da gaúcha Taiasmin Ohnmacht reflete sobre o lugar do racismo e da colonização na história brasileira. Os “retratos íntimos”, que intitulam a obra, são as fotografias pelas quais a protagonista da história refaz a trajetória de sua cor e de seu sobrenome. Por meio deles, a obra resgata a chegada de seus primeiros familiares ao país, entrelaçando as sucessivas gerações familiares à história brasileira. Para Gabriela Cerqueira, que assina a orelha do livro, as imagens literárias empregadas pela autora “refletem como pode ser pungente o ato de resgatar as histórias de família no país quando a cor atravessa as narrativas”.

No embate entre um escritor que busca reconhecimento e um editor que almeja um best-seller, desenvolve-se a narrativa de Os 7 vocábulos, o décimo livro do escritor e jornalista Armando Avena. O embate já é colocado no prólogo da obra, em um diálogo repleto de referências literárias entre o autor e o editor. Nessa primeira conversa, o editor fará o desafio ao seu autor: desenvolver um conto em torno de um vocábulo, que será anunciado ao escritor toda noite durante sete dias. Em torno desses sete temas – literatura, juventude, Deus, sexo, paixão, Armand e morteouamor -, o autor desenvolve então sua obra, que mistura ficção, prosa poética, poesia e teatro.


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