Escravidão, trabalho e ócio em Nietzsche

Escravidão, trabalho e ócio em Nietzsche
Lou Salomé, Paul Ree e Nietzsche, 1882 (Arte Andreia Freire/Reprodução)
  A Conferência de Berlim, também chamada de Conferência do Congo, bem indica a centralidade do continente africano para os europeus na segunda metade do século 19, pois este poderia fornecer matérias primas e compradores para a indústria europeia em expansão. Para além da partilha territorial entre as potências ocidentais que a Conferência procura regrar, a dominação da África era revestida com um nobre discurso civilizatório, que propunha inclusive rever o estatuto da escravidão. A Guerra de Secessão, no Sul dos Estados Unidos, o decreto pelo fim da servidão na Rússia e muitas outras ações em diversos outros países europeus intensificam posições contra a escravatura. Contemporâneo a esses acontecimentos, Nietzsche, dentre muitos, aliás, caminha na direção oposta. Desde os seus primeiros escritos, o filósofo julga ver desdobramentos nefastos provocados pelo término da escravidão. O caso americano é exemplar. Provocou, com a guerra civil, uma profunda alteração na organização social daquele país ao abolir a escravidão, legando ao homem livre um trabalho que consumia por completo o seu tempo, outrora dedicado ao espírito. Já no caso alemão, à diferença do que ocorreu na América do Norte ou na Rússia, é o desaparecimento de restos sociais do Antigo Regime, devido à acelerada marcha capitalista em pleno curso após a vitória na guerra franco-prussiana, que coloca a cultura em perigo ao acabar com os privilégios sociais necessários ao cultivo do espírito, que propiciavam o ócio necessário a um segmento preciso da s

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