entrevista | A oposição a ser desconstruída é entre capitalismo e socialismo
(Foto: Bel Pedrosa)
Em O diálogo possível, o ensaísta Francisco Bosco examina fraturas da democracia e do debate público no Brasil, e propõe conciliação entre economia de mercado e políticas de proteção social. A seguir, leia a entrevista presente na edição 283 da Cult.
Com grandes rupturas ideológicas do passado acirradas no presente, o que a esquerda pode aprender com o melhor da direita liberal hoje?
A parte mais difícil da pergunta é encontrar, no Brasil, “o melhor da direita liberal hoje”. Resguardadas exceções individuais, não me ocorre haver, no Brasil de hoje, seja um movimento social influente, tampouco um partido político que represente uma centro-direita cujas convicções democráticas e obediência ao princípio da autocontenção prevaleçam sobre o oportunismo histórico.
O voto da direita liberal em Bolsonaro em 2018, e o fato de parte dela ainda hesitar em declarar de forma incondicional seu repúdio a essa escória infelizmente não ajuda a sua causa. Digo “infelizmente” porque, sim, considero que há valores e argumentos na tradição liberal que não são apenas aceitáveis dentro da democracia, mas até mesmo desejáveis, desde que relativizados, em maior intensidade, por valores da esquerda, considerando as características da sociedade brasileira, que precisa de reformas mais profundas à esquerda.
Valores como defesa de direitos individuais fundamentais, por exemplo, são contrapesos importantes às igualmente importantes investidas democratizantes que, entretanto, muitas vezes não hesitam em solapar o direito em nome de
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »