entrevista | “A extrema direita finca raízes no poder”
Edição do mês(Arte: Fernando Saraiva)
Autor de Tambores à distância: viagem ao centro da extrema direita mundial (Leya), em que relata sua experiência como infiltrado em organizações extremistas, o britânico Joe Mulhall veio ao Brasil acompanhar de perto as eleições presidenciais. Em entrevista à Cult no dia seguinte à votação do primeiro turno, ele sublinhou os marcadores principais do discurso salvacionista da extrema direita e alertou para o processo de normalização de políticas fascistas em todo o globo.
Você veio ao Brasil acompanhar as eleições. Quais foram suas impressões do que viu nas ruas?
Fiquei surpreso com o quão polarizada a política parecia aqui, quão febril era a atmosfera. Parecia mais tenso, mais dividido do que eu esperava. Venho de um país onde, mesmo durante nossas eleições, há uma apatia geral. Parte disso é sorte, no sentido de que a democracia parece bem estabelecida.
As pessoas parecem amar genuinamente cada um dos candidatos, seja Bolsonaro, seja Lula. Lembrou-me um pouco a campanha de Trump, e seus eleitores soam muito parecidos com os que eu vi aqui a favor de Bolsonaro, em termos de sensação de desespero, como se a derrota do candidato equivalesse à perda da nação.
Não é como uma eleição comum em que um candidato ganha ou perde. É como se uma nação se levantasse ou caísse. E quando você entra nesta situação, torna-se bastante assustador, especialmente se o candidato em questão é da extrema direita.
Vi um tipo de violência política nas ruas ontem à noite em um bar. Apoiadores de Bolsonaro gritaram em direção a jove
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