Dossiê | O que pode a clínica junguiana?
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Na década de 1930, Carl Gustav Jung rebatizou sua psicologia. Se antes a chamara psicologia analítica, agora passaria a ser denominada, pelo próprio criador, de psicologia complexa. Por uma série de fatores históricos e políticos, boa parte deles imperscrutáveis, relacionados aos que se dedicaram à experiência e ao pensamento do legado junguiano, o título jamais ganhou uso corrente. Até os dias de hoje o campo junguiano é conhecido como psicologia analítica.
A lembrança desse fato guarda uma relação direta com a feitura do presente dossiê e com seus objetivos. Como a escolha de Jung em rebatizar sua obra se deu num momento em que já contava com um corpus teórico consistente, uma consideração científica crescente e uma comunidade de estudantes e praticantes considerável, não só do campo da psicologia, não se tratava de um detalhe de menor valor.
A psicologia complexa havia iniciado sua gestação décadas antes, ainda em Zurique, a partir da inquietação intelectual e da emoção criadora do jovem psiquiatra que Jung escolhera se tornar e de sua aguda escuta dos pacientes psicóticos no hospital psiquiátrico em que trabalhava. Em paralelo à prática psiquiátrica estavam leituras e estudos de filosofia, mitologia, teologia e ciências – tudo isso amalgamado à empiria de seus famosos testes de associações de palavras, que embasaram a teoria dos complexos.
A concepção junguiana já nasce múltipla e perspectivista; sua ideia de sujeito do inconsciente é, desde sempre, derivada de um jogo dinâmico de forças e formas criativas e
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