Dossiê | Félix Guattari
(Fotomontagem de Fernando Saraiva com imagens de AFP Photo e Shutterstock)
Nada melhor para apresentar Félix Guattari do que as palavras do filósofo com quem ele pensou durante mais de três décadas: Gilles Deleuze. No prefácio de Psicanálise e transversalidade: ensaios de análise institucional (1972), a mais importante contribuição para pensarmos a relação entre psicanálise e política hoje, o filósofo francês comparava Guattari ao psicanalista austríaco Wilhelm Reich: “Acontece, raramente, de um psicanalista e um militante se encontrarem na mesma pessoa e, ao invés de permanecerem fechados, de encontrar justificativas para permanecerem fechados em si mesmos, eles não cessam de se misturar, de interferir, de comunicar, de tomar-se um pelo outro. É um acontecimento muito raro desde Reich”.
Neste dossiê, Jean-Sébastien Laberge preparou uma cronologia que detalha o militantismo e o trabalho filosófico ou teórico de Guattari ao longo de sua vida. Em “A função clínica da política”, o primeiro texto deste dossiê, discuto com mais detalhes a relação entre o militantismo e a teoria psicanalítica. Vladimir Moreira Lima nos fala da importância da ecosofia e das ideias de Guattari hoje. Ele coloca em relação a noção de “capitalismo mundial integrado” (que não é um conceito mirabolante e totalitário, mas uma descrição do capitalismo hoje) e expõe sua relação com a “sociedade de integração” (1992) e os diagnósticos de Michel Foucault e Gilles Deleuze a respeito das sociedades disciplinar e de controle, respectivamente. O modelo de governabilidade neoliberal é biopolítico, porque a fun
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