Deus no pensamento contemporâneo

Deus no pensamento contemporâneo

Neste dossiê, convidamos filósofos e especialistas para falar sobre a intrigante persistência da idéia de Deus, de religiosidade e de espiritualidade, em autores centrais da filosofia ocidental do século 20. Trata-se de compreender primeiramente quais as motivações que sustentariam tal interesse filosófico, após a proscrição da questão divina dentro da ontologia e mesmo após o declarado colapso da metafísica no século 19, que chegou a impulsionar, por exemplo, Nietzsche em direção ao niilismo e a uma das epígrafes mais populares da história da filosofia.

No primeiro artigo, Juvenal Savian Filho faz um panorama da quaestio Dei, desde a ruptura da Modernidade com a tradição aristotélico-escolástica até o pensamento de filósofos contemporâneos vivos que consideram positivamente a questão, como Régis Debray, Alain Badiou, Charles Margrave Taylor, Robert Spaemann.

Os artigos posteriores estão divididos de acordo com as duas grandes orientações que a filosofia assumiu no século 20, a “filosofia continental” (desenvolvida principalmente na França e na Alemanha) e a “filosofia analítica” (de maior ênfase na Inglaterra e nos EUA). Na vertente “continental”, Franklin Leopoldo e Silva analisa a temática da religião segundo Henri Bergson, pensador indispensável para compreendermos alguns dos temas mais relevantes que animaram a filosofia do século 20; Rafael Haddock-Lobo apresenta as noções de ética, religiosidade e justiça na obra de Emmanuel Lévinas. Já Roberto Pich explica o conceito e o desenvolvimento mais recente da “filosofia analítica da religião”, enquanto Alberto Perazzo fala sobre o pragmaticismo de Charles Peirce e, em particular, sobre o “argumento negligenciado” para a “Realidade de Deus”. Longe de ser exaustivo, este dossiê pretende apenas demonstrar a vivacidade discursiva de um dos temas que, apesar de proscrições e colapsos, continua a estar presente na ordem do dia da filosofia.

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