Crítica à hegemonia heterossexual

Crítica à hegemonia heterossexual
(Arte Gabriel Monteiro)
  As origens da Teoria queer remontam ao fim da chamada Revolução Sexual, dos movimentos liberacionistas feministas e gays e do – hoje sabemos – curto período de despatologização da homossexualidade, retirada da lista de enfermidades da Sociedade Psiquiátrica Americana em 1973. No início da década de 1980, Monique Wittig analisava a mente hétero, Adrienne Rich denunciava o caráter compulsório da heterossexualidade enquanto Michel Foucault trabalhava nos volumes finais de sua história da sexualidade, quando emergiu a epidemia de AIDS e, com ela, o maior pânico sexual de nossa história. A homossexualidade passava a ser repatologizada em termos epidemiológicos. Deixara de ser vista como uma forma de loucura, mas passava a ser encarada como suposto vetor de contaminação coletiva. Néstor Perlongher abre seu livro O que é AIDS? (1987) afirmando que um fantasma rondava o Ocidente, portanto, parafraseando Marx e Engels em O Manifesto Comunista, para analisar o que criava o espectro do desejo homossexual. Seu feito nesse livro curto e certeiro foi compreender a epidemia em seus aspectos político-sociológicos sublinhando como a AIDS servia de subterfúgio para uma perseguição renovada ao desejo homossexual e um reordenamento da sexualidade sob o controle heterorreprodutivo. Foi em meio ao refluxo conservador detonado pela epidemia que pensadores/as de diversos países desenvolveram análises inovadoras sobre a hegemonia política heterossexual. Enquanto no Brasil, em meio ao retorno à democracia, discutia-se a criação de um sistema univers

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