Conceitos de Deleuze em ‘Mil platôs’ são levados ao palco por companhia de SP
Oz Ferreira, Janina Arnaud, Jorge Armando Ndloze e Monica Cristina no palco em '1001 platôs' (Foto Roberto Huczek)
Publicado em 1980, na França, Mil platôs – Capitalismo e esquizofrenia, de Gilles Deleuze e Félix Guattari, propõe uma revisão das estruturas de pensamento a partir da Terra, e abre novas perspectivas para a concepção do ser humano, do capitalismo, do Estado e dos modos de vida em sociedade.
A partir do dia 1º de setembro, a Taantateatro Companhia leva os principais conceitos da obra para os palcos da Aliança Francesa, na região central de São Paulo.
Com dramaturgia de Wolfgang Pannek e direção coreográfica da atriz e dançarina Maura Baiocchi, 1001 platôs trabalha de maneira sensorial temas presentes no pensamento de Deleuze e Guattari – tudo isso à luz de experiências contemporâneas como a crise migratória e o colapso climático.
A intenção não é exatamente converter um livro de oitocentas páginas em um espetáculo, afirma Pannek, mas criar um novo platô multi-linguagem capaz de operar como “disparador da sensação e, por consequência, do pensamento”.
“Focamos sobretudo nas multiplicidades, no poder e nos devires, e procuramos elaborar esses temas corporalmente, a partir de nossa experiência e percepção da atualidade”, afirma.
O espetáculo dá continuidade à linha de pesquisa cênica da companhia, que já buscou inspiração em artistas como Shakespeare, Beckett, Frida Kahlo, Antonin Artaud e Nietzsche.
Aqui, o desafio foi criar algo novo, segundo Pannek, que estivesse em contato com as forças que movem a obra, mas que também tivesse vida própria numa linguagem poética.
O texto Como criar para si um corpo sem órgãos, por exemplo, virou rap. “Com ajuda de Jorge Armando Ndlozy, bailarino moçambicano do elenco, traduzimos o texto para o changana, dialeto de Moçambique.
Para o público brasileiro, o “rap do corpo sem órgãos” soará como uma sequência de glossolalias [sequência de sons ininteligíveis]”, adianta.
Para o diretor, os conceitos desenvolvidos em Mil Platôs estimulam formas alternativas de pensamento político “que fogem das antigas polarizações e encorajam a ideia de que um pensamento crítico e criativo de esquerda continua possível”.
“Deleuze oferece análises e críticas importantes de certas figuras e estruturas do pensamento que norteiam nossa visão de mundo e que têm consequência diretas para problemas como a instrumentalização da Terra e dos recursos naturais e sociais”, afirma.
1001 platôs
Onde: De 1º a 10/09
Quando: Teatro Aliança Francesa, rua General Jardim, 182, São Paulo – SP
Quanto: R$20 e R$10 (meia)
(3) Comentários
Começou 2018,preparem as mentes pois a tendência é ampliar o conhecimento e fazer da arte a força motriz desses novos tempos.
o “rap do corpo sem órgãos” soará como uma sequência de glossolalias [sequência de sons ininteligíveis]”… Isso tem odor de Poema-Fonema de Hugo Ball e Raoul Hausmann (1916)… Depois da invenção da roda, não há nada de novo sob o sol
Venham pra Brasília! Quero assistir ;D