Articulações inovadoras entre ciência e política
O sociólogo Pierre Bourdieu (Reprodução)
A visibilidade dos posicionamentos públicos de Pierre Bourdieu se deu amplamente com sua defesa dos direitos dos ferroviários e dos trabalhadores e funcionários que fizeram uma greve em dezembro de 1995 paralisando a França. Nessa ocasião ele fora uma voz isolada a defender os trabalhadores dentre a maioria dos intelectuais de renome, que se conformava com uma modernização inelutável diante do que era visto como um movimento grevista desesperado em defesa do passado. Mas tal visibilidade se deu por ser ele um sociólogo de grande notoriedade científica, produtor de uma obra enorme e inovadora e que havia galgado os postos mais prestigiosos de professor e pesquisador na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais e no Collège de France. Dali até a sua morte, no início de 2002, ocupou a posição de intelectual contestatário com grande presença na vida pública.
Dois anos antes da greve de 1995, Bourdieu havia sido condecorado com a medalha de ouro do Conselho Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS) pelo conjunto de sua obra – mas 1993 é também o ano da publicação do livro A miséria do mundo, obra coletiva por ele organizada. Esse livro – de mais de 600 páginas, com uma tiragem enorme, em várias reimpressões, inusitada para um livro de ciências sociais – chama atenção para o sofrimento social causado pelas bruscas transformações capitalistas por que passava a França (como em diversas partes do mundo).
No livro é destacado o fenômeno da miséria de posição ressentida por grupos sociais e indivíduos que perdem
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