O trabalho e os dias. E os animais

O trabalho e os dias. E os animais
(Ilustração: @photo.jaksys)

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Em um sítio bem distante da cidade, onde não havia energia elétrica, tampouco água encanada e esgoto, os moradores quase não iam à cidade, pois não tinham recursos para gastar. Eles viviam na base da troca entre seus vizinhos. Certa manhã, entretanto, eles acordaram e o galo não cantou, a vaca se recusou a dar leite, as galinhas e as patas não botaram ovos, o cavalo não quis puxar a carroça, o boi resistiu a puxar o arado. Estava havendo uma verdadeira rebelião dos animais. Todos ficaram sem saber o que fazer, pois dependiam deles para que a vida fluísse normalmente. As horas foram se passando, e os bichos continuaram de patas cruzadas. Então, todos começaram a entrar em desespero porque, sem as trocas de alimentos habituais que eram realizadas entre a comunidade, a situação estaria fora de controle.
Até que João Carlos, o caçula da família, um camponês baixo, troncudo, de pouco menos de 23 anos, mãos nodosas, andar aprumado, rosto queimado do sol, olhar altivo, resolveu ir à cidade atrás de um serviço que lhe oferecesse condições de trazer algum sustento para o lar. Ele arrumou um emprego e labutou o dia inteiro. Quando anoiteceu, chegou em casa com diversos mantimentos, alguns até desconhecidos. Ao ser questionado como havia conseguido tantas mercadorias, João Carlos disse que o trabalho que ele havia arranjado na cidade pagava muito bem e que, se todos trabalhassem durante mais tempo, poderiam melhorar de vida e não ficar tão dependentes dos animais. A maioria dos moradores do sítio, então, foi trabalhar na cidade a fim de usufruir de uma vida mais digna.

Por Isaque Madeira


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