Raymond Williams e as teorias da conspiração

Raymond Williams e as teorias da conspiração
“Bond of Union” de M.C. Escher, 1956 (Museu Herakleidon, Atenas)
O pensamento de Raymond Williams como um todo fornece muitos elementos importantes para as teorias da comunicação. Porém, até onde pude verificar, quanto aos seus dois únicos trabalhos teóricos diretamente dedicados ao tema, Communications, de 1962, e Televisão: tecnologia e forma cultural, de 1974, o primeiro nunca foi traduzido para o português e o segundo só o foi recentemente, em setembro, pela Boitempo. Por isso irei ater-me a eles aqui. Communications foi escrito e reescrito a partir da experiência de Williams com educa- ção para trabalhadores adultos ao longo dos anos 1960. A experiência, de certo modo, antecipa alguns dos objetivos do que hoje é chamado de media literacy: estimular a formação de um olhar crítico em relação à mídia. Boa parte de Communications consiste na exposição dos métodos de análise da mídia que Williams elaborou com essa intenção e nos resultados de sua aplicação. Para Raymond Williams, como para Paulo Freire, a educação é conexa à comunicação e extrapola os limites do ensino formal. Nessa extrapolação reside, talvez, o papel mais sensível da mídia nas sociedades de hoje: o que está em disputa é a legitimação social do status quo capitalista, que tem como princípio dominante a concepção de que poucos devem governar, informar e educar a muitos. A esse programa, Williams opõe outro, mais horizontal, dialógico e tensionado, que problematiza as distinções mais convencionais entre alta e baixa cultura e entre arte e entretenimento. Conforme Williams, nenhuma das duas distinções é fác

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