Privado: Variações sobre Paulo Autran

Privado: Variações sobre Paulo Autran
Clayton Melo Acostumado a dar voz a personagens, Paulo Autran se expressa tão tranquilamente que parece acariciar as palavras. Conta histórias que podem ter sido retiradas de um poço imaginário, pois olha para o chão durante quase todo o tempo em que fala. Relembra as experiências de palco com riqueza de detalhes. Considera-se um homem controlado, que não exterioriza os sentimentos nem mesmo nas horas difíceis. Ele se comportou dessa maneira, por exemplo, quando recebeu a notícia da morte do pai, em 1959, num dia em que faria uma apresentação. O ator pegou um avião que o trouxe do Rio de Janeiro a São Paulo e enterrou o velho Walter Autran. Depois retornou ao Rio, ainda juntando energias para entrar em cena. A única coisa que não conseguiu foi encontrar forças para agradecer ao público. Assim, ao final do espetáculo, deixou o palco em silêncio e não respondeu aos aplausos da plateia. Esse modo de encarar o trabalho demonstra a intensidade com que o teatro se enlaçou à vida do artista que no dia 7 de setembro chega aos 80 anos de idade. Tarefa árdua, mas tão prazerosa que pendurar as chuteiras nem de perto povoa os pensamentos desse carioca criado em São Paulo. "Digo sempre que o teatro é uma profissão abençoada, porque não há limite de idade. Ainda há muitas peças para eu fazer", afirma o ator. Autran planeja dirigir, a partir de janeiro, a peça Vestir papai, do dramaturgo Mário Viana, tendo no elenco a atriz e esposa Karin Rodrigues, de 64 anos. Mas, antes dos trabalhos futuros, ele está concentrado em Variações enigmáticas, cuja estre

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