Umas e outras tantas
(Foto: Pedro Isaías Lucas)
“A gente dormiu duas horas esta noite.”
É o primeiro dia de apresentação do espetáculo O amargo santo da purificação em São Paulo. Às 15 horas, a peça começava na praça da República para quem quisesse assistir, mas doze horas mais cedo o elenco já descarregava no local um caminhão com cenário, adereços e figurinos. A montagem, que se repetiria na madrugada seguinte, leva sete horas.
“A gente é encarregado de todas as etapas do processo. Da organização do espaço à produção do espetáculo. Do estar em cena como ator à compra de água e papel higiênico”, conta Tânia Farias. “Não há nada que não seja de nossa responsabilidade.”
Tânia, 42, é uma das atuadoras do Ói Nóis Aqui Traveiz, principal grupo de teatro de Porto Alegre e de toda a região Sul, com quase quarenta anos de estrada. “Atuador” é como se denominam todos os atores do coletivo, que compreendem seu trabalho nos palcos como uma mistura entre arte e ativismo político e social.
São “atuadores” também porque se envolvem em absolutamente todos os processos por trás de cada espetáculo: construção de figurino, luz, dramaturgia, sonoridade, cenografia e pesquisa temática. Não atuam só nos palcos, mas também fora deles.
“Eu não concebo o teatro senão na busca desse ‘atuador’. Não tenho desejo de ser uma atriz avulsa, acredito na coletividade, acho que juntos somos mais fortes. Eu certamente sou uma mulher mais potente e atuante por causa dos meus parceiros e parceiras”, acredita.
A certeza de que queria fazer parte daqui
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