Uma repórter na casa da justiça
Barbara Sukowa em Hannah Arendt: outra personagem marcante na carreira da atriz que já foi Rosa Luxemburgo no cinema
Na edição de 16 de fevereiro de 1963, a revista The New Yorker publicou a primeira parte de uma extensa reportagem sobre o julgamento de um criminoso de guerra nazista que havia sido sequestrado em Buenos Aires, em 11 de maio de 1960, por um comando israelense. Em Jerusalém, um tribunal dera a largada, em 11 de abril de 1961, à exaustiva e complicada tarefa de estabelecer quais teriam sido seus crimes. Condenado à morte, ele fora executado por enforcamento em Ramla em 31 de maio de 1962. No jargão do jornalismo, era um assunto “frio” (velho) quando a The New Yorker publicou a reportagem, que se estendeu pelas quatro edições seguintes. Os editores da revista pressionaram a autora a entregar antes o material, sem sucesso. “Tolstói escreveu Guerra e Paz nesse tempo”, alfinetou alguém. Ela não era uma repórter convencional e, como estava claro desde o momento em que se ofereceu para a cobertura do julgamento, não pretendia entregar uma reportagem convencional.
Logo no primeiro dia em que o trabalho veio a público, descobriu-se que sua abordagem era, de fato, original – e, por esse motivo, fadada à controvérsia. Insultos e ameaças foram endereçados à autora. Muitos a chamaram de “traidora” (era judia) por tratar um carrasco nazista com um tom que lhes parecia inadequado: em vez de condenar sumariamente o réu pela sua participação no envio de judeus para os campos de extermínio, seu texto o retratava como um burocrata que executava ordens superiores sem refletir sobre elas. A partir dessa visão, convidava a uma reflexão sobre a “b
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »