Um esporte de combate
O sociólogo Pierre Bourdieu (Martine Franck/ Magnum Photos)
Avaliar o impacto que a sociologia de Pierre Bourdieu (1930-2002) provocou no pensamento do século 20 certamente envolve uma espécie de constrangimento. Em primeiro lugar, porque Bourdieu construiu um enorme corpo teórico, incluindo estudos em quase todos campos de interação social; seja na economia, na religião, na arte, na política, na comunicação ou na educação, suas análises buscaram compreender os fenômenos sociais tanto sob uma perspectiva estrutural, na interposição entre agentes dominantes e dominados em um campo social determinado, quanto sob a perspectiva “concreta” desses mesmos fenômenos, a exemplo das análises empíricas sobre alta-costura, sobre as visitas aos museus na Europa, sobre o mercado imobiliário, sobre o agenda setting no jornalismo, ou até sobre os jogos olímpicos. Ao tentar resumir a multiplicidade de sua produção, em um dossiê de poucas páginas, corre-se o risco portanto das distorções que todo grande pensador pode eventualmente sofrer.
Mas a tarefa se torna ainda mais problemática quando sabemos que Bourdieu é um dos autores mais lidos nas ciências humanas. De fato, alguns dos conceitos operacionais criados pelo sociólogo, como “capital cultural”, habitus, “campo”, hoje são colocados em circulação no meio acadêmico como instrumentos indispensáveis para as diversas práticas sociológicas que não se limitam ao diagnóstico das assimetrias econômicas de classes. Valem para o conhecimento transversal que perpassa desde a medicina social até o jornalismo.
Além disso, seu engajamento,
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