Três eixos cruciais para o debate das relações entre psicanálise e ciência
Sigmund Freud em seu escritório em Viena (Foto: Reprodução/DomÃnio Público)
A questão da cientificidade da psicanálise é decisiva tanto para o desenvolvimento do próprio campo psicanalÃtico quanto para a exposição pública clara de seus princÃpios. Ignorar esse debate é relegar a disciplina criada por Freud ao nebuloso domÃnio do inefável, acessÃvel apenas a convertidos. Mesmo que seu foco resida primariamente nas esferas do singular e do Real, que resistem à generalização cientÃfica ou ao Universal lógico, estaria a psicanálise isenta de elucidar seus pontos de vista sobre as relações entre aquelas, a razão e a ciência? Quais as articulações entre as facetas da experiência psicanalÃtica passÃveis de serem expressas de forma racional, proposicional e cientÃfica, com aquelas que estruturalmente não cessam de não se inscrever?
Para tratar dessas questões fundamentais, tão complexas quanto arriscadas, proponho três eixos para a delimitação e discussão crÃtica das principais modalidades de relação entre psicanálise e ciência: 1) sobre os fundamentos do método psicanalÃtico de investigação; 2) sobre o controle empÃrico-experimental da validade dos conceitos psicanalÃticos e de sua eficácia terapêutica; e 3) sobre os diálogos necessários da psicanálise com a ciência contemporânea.
Sobre os fundamentos do método psicanalÃtico de investigação
De sólida formação epistemológica e cientÃfica, Freud jamais concebeu que a psicanálise pudesse ser outra coisa senão ciência. Essa posição é reiterada, e mesmo acentuada, ao longo de sua obra. Mas que tipo de ciência seria a psicanÃ
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