Ciência pouca é bobagem: por que levar a psicanálise a sério

Ciência pouca é bobagem: por que levar a psicanálise a sério
Capa do livro “Que bobagem!: pseudociências e outros absurdos que não merecem ser levados a sério”, de Natalia Pasternak e Carlos Orsi (Contexto, 2023)
  Bons debates, independentemente dos temas ou dos atores envolvidos, são aqueles que trazem avanços e/ou transformações para o conjunto de problemas ou para os campos em disputa. Novas ideias ou perspectivas são apresentadas, posições são revistas, e as discussões – por mais duras e tensas que sejam – produzem eventualmente mudanças de rota ou retificação de posições incrustadas em certezas supostamente inamovíveis. Todos ganham, inclusive aqueles que têm seus argumentos enfraquecidos e suas convicções abaladas. Porém, nem todo debate é produtivo: há aqueles que não trazem novidades, nos quais o jogo retórico se sobrepõe ao embate de ideias e que resultam em discussões inférteis, que pouco contribuem para o campo criticado ou para o conhecimento em geral. Este seria o caso do livro Que bobagem! Pseudociências e outros absurdos que não merecem ser levados a sério, publicado por Carlos Orsi e Natalia Pasternak. Exceto por um importante detalhe: ao propor uma discussão ultrapassada – e o capítulo em torno da psicanálise e das psicoterapias psicodinâmicas exemplifica isso à perfeição –, desconhecendo o mínimo do mínimo do que se espera para um debate sério, além de abusar de argumentos suspeitamente enviesados, o que se produz é um efeito contraproducente. O resultado obtido é contrário àquilo que os autores, em sua retórica, dizem ser sua intenção: uma discussão proposta nesses termos é infértil em seu caráter transformador, além de desinformar seus leitores não somente sobre disciplinas específicas, mas

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