De Aristóteles a Zizek, mapa interativo mostra relações entre três mil filósofos

De Aristóteles a Zizek, mapa interativo mostra relações entre três mil filósofos
Gramsci, Aristóteles, Simone de Beauvoir, Hannah Arendt, Slavoj Zizek e Max Weber são alguns dos filósofos encontrados no The Philosopher's Web (Arte Revista CULT)

 

Dar o primeiro passo nos estudos sobre filosofia pode ser uma tarefa assustadora – especialmente para quem nunca esteve em contato com nomes como Antonio Gramsci, Slavoj Zizek, Simone de Beauvoir ou Jacques Derrida. Com este impasse em mente, o pesquisador de dados Grant Louis Oliveira, da Universidade da Califórnia, decidiu criar uma forma mais simples de introdução à filosofia: um portal que mostra, de forma visual e dinâmica, conexões entre pensamentos de filósofos antigos e contemporâneos do mundo inteiro.

Recém criado, o site começou como um projeto pessoal de Oliveira, que há muito tempo sentia dificuldades para iniciar seus estudos na área: “Quando comecei a estudar filosofia, eu tinha alguma noção dos grandes nomes e do que eles pensavam, mas não tinha ideia de seu contexto específico e de seus interlocutores. Senti que seria desrespeitoso simplesmente pular dentro disso sem alguma linha-guia. Eu precisava de um mapa e foi o que fiz”, explica, na apresentação do site.

O mapa foi batizado de Philosopher’s Web (“teia de filósofos”) por ser literalmente uma rede virtual que representa visualmente quem influenciou quem. A teia foi construída partir de dados da Wikipedia e, por enquanto, traça as referências e relações entre quase três mil pensadores e filósofos do mundo inteiro e de diversas épocas e contextos – todos representados por pequenos pontos azuis interligados por linhas de cor cinza, que simbolizam as influências.

Embora o portal por enquanto só tenha versão em inglês, não é necessário ser fluente para navegar: basta clicar sobre o ponto correspondente ao nome de um filósofo ou pesquisar por ele no sistema de buscas que, automaticamente, as linhas que representam as relações ficam visíveis e se transformam em flechas.

No ‘Philosopher’s Web’: filósofos são representados por  pontos azuis interligados por linhas de cor cinza, que simbolizam as influências (Reprodução)

As setas que partem do pensador indicam filósofos que receberam suas influências e as que chegam a ele mostram quem o influenciou – e, ao segui-las, é possível descobrir a origem da influência. A espessura das linhas também é significativa: quanto mais espessa, mais importante é a relação entre os pensamentos.

Assim, ao clicar em Antonio Gramsci, por exemplo, aparecem setas que indicam para nomes como Nicos Poulantza, Ernesto Laclau e Eric Hobsbawm, assim como flechas que chegam ao italiano partindo de seus influenciadores, Maquiavel e Georges Sorel, segundo o site. Já clicando no ponto correspondente a Hannah Arendt, Heidegger e Montesquieu aparecem como influências – e Giorgio Agamben, como influenciado.

Também é possível filtrar as buscas segundo alguns critérios, como o contexto em que o filósofo viveu (século 19, Antiguidade, Idade Média), a corrente à qual ele se identifica (filosofia islâmica, existencialismo) ou mesmo sua área mais geral (artes, história, sociologia). Nem todos os nomes armazenados no banco de dados são filósofos: o escritor Jorge Luis Borges, a política Margaret Thatcher e o psicanalista Jacques Lacan também aparecem no acervo como influenciadores.  

Apesar de divertido e informativo, o site mostra pouco além das relações entre filósofos. Mas, segundo Oliveira, o objetivo do portal é mesmo servir apenas como uma curiosidade ou uma introdução à filosofia. A simplicidade veio da vontade do pesquisador de criar um portal acessível mesmo para quem não é iniciado no tema, mas que tenha vontade de começar sem saber bem por onde – como ele mesmo: “A ideia é que, tendo acesso ao contexto de produção das obras dos filósofos, as pessoas possam se interessar mais sobre as relações entre eles e buscar sozinhas outras informações.”

(5) Comentários

  1. Gostei muito desta iniciativa; bem apropriada para o mundo de hoje em que as pessoas não querem PENSAR;levam a vida no automátic,usando todos os tipos de tecnologia e se satisfazendo com o conteúdo das redes sociais.Nao Leiden Livros.,

  2. Muito interessante e contribui em muito com a reflexão sobre os caminhos percorridos pelos filósofos e para nossa compreensão sobre as influências até os dias atuais. Parabéns ao colega.

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