A inveja no teatro e o teatro da inveja
O dramaturgo inglês William Shakespeare (Foto: Wikimedia Commons)
Muito além de dar guarida a uma galeria infindável de tipos invejosos que desfilam sobre os palcos das mais variadas épocas e nos mais diferentes estilos de espetáculo, a arte do teatro testemunhou em relação ao sentimento da inveja o nascimento de uma teoria original e sofisticada, desenvolvida percucientemente pelo historiador, antropólogo e crítico literário francês radicado nos Estados Unidos René Girard (1923-2015). Em 1947, ele deixa a França e inicia um doutorado em história na Universidade de Indiana, Bloomington, ensinando literatura francesa na mesma instituição. Em 1961, publica seu primeiro livro, Mentira romântica e verdade romanesca, no qual expõe pela primeira vez os princípios da teoria do “desejo mimético”, segundo a qual os indivíduos desejam os objetos não por seu valor intrínseco, mas porque eles são desejados por outras pessoas. Tal mecanismo de inveja – imitar os desejos alheios – é, segundo o estudioso, um dos pilares da condição humana. Em 1975 – três anos após o lançamento de A violência e o sagrado –, ele publica, em colaboração com os psiquiatras franceses Jean-Michel Oughourlian e Guy Lefort, seu terceiro livro, Coisas ocultas desde a fundação do mundo, um caudaloso e metódico diálogo sobre a teoria mimética compreendida em sua totalidade. Em 1991, surge, então, Shakespeare: Teatro da inveja, seu primeiro livro escrito em inglês, publicado pela Oxford University Press.
No livro (editado no Brasil pela É Realizações), Girard aplica a abordagem mimética sobre um vasto número de
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