Figurações do Outro

Figurações do Outro
Simone de Beauvoir em Paris, 1947, quando publica 'Por uma moral da ambiguidade' (Foto: Charles Hewitt/Divulgação)
A filósofa Simone de Beauvoir pensa, em O segundo sexo (1949), a categoria de gênero a partir de uma perspectiva existencialista. A obra é um marco da crítica feita ao modo pelo qual a mulher foi retratada na história da filosofia. A forma como os filósofos, em geral, definiram a mulher ao longo dos séculos demonstra certo desprezo ao feminino – e um resgate sobre o que se diz da mulher na história da filosofia, ou sobre a própria presença das mulheres nessa história, revela tal desprezo. A figura do feminino é discutida por meio de um sujeito que não é o que a representa, mas sim outro: o masculino, discurso que é sempre evitado no campo filosófico. Beauvoir, além de romper com a visão que cria uma inferioridade natural da mulher na história, a coloca no centro do debate e realiza um estudo esmiuçado de sua situação, apontando para um projeto de emancipação. Para tal, mobiliza categorias do pensamento de Hegel, Merleau-Ponty, Heidegger e Sartre, entre outros, algo comum na tradição filosófica. Beauvoir não quer negar o “ser mulher”. Pelo contrário, é quase inédito seu esforço em reconhecer a “situação” da mulher (ou a mulher como situação). A filósofa afirma que para discutir essa situação é necessário, primeiramente, afirmar-se como mulher. “Se quero definir-me, sou obrigada inicialmente a declarar: ‘Sou uma mulher’. Essa verdade constitui o fundo sobre o qual se erguerá qualquer outra afirmação.” Entretanto, para responder à questão da submissão da mulher, Beauvoir invocará o conceito existencialis

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