Pós-neoliberalismo?

Pós-neoliberalismo?
Estátua do ministro da economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, caracterizado como personagem da franquia de filmes e séries Star Wars, em empresa de trading na avenida Faria Lima, em São Paulo (divulgação)
  A ideia de que estaríamos entrando em uma ordem pós-neoliberal surgiu, a princípio, como uma hipótese hesitante, mais uma pergunta do que uma constatação. Mas logo a prudência foi abandonada, e as publicações sobre o tema se multiplicaram, constituindo uma nova onda na bibliografia internacional, em particular de língua inglesa. O polêmico e repetitivo debate sobre a existência ou não do neoliberalismo cedeu lugar, assim, à conclusão apressada de que não somente existiu, como já foi até superado. No contexto brasileiro, o termo pós-neoliberalismo emergiu em dois contextos distintos no curto período de duas décadas. Na sua primeira aparição, ele foi mobilizado para descrever as políticas progressistas dos governos petistas, que compunham o quadro mais amplo da chamada “Onda Rosa” que varreu a América Latina na década de 2000. Esse primeiro uso durou pouco, não apenas porque o ciclo de governos de esquerda encontrou seu fim já na década seguinte, mas também por conta da renovação da definição de neoliberalismo pela abordagem foucaultiana, o que permitiu questionar se várias daquelas políticas não carregavam traços da racionalidade política neoliberal. Mais recentemente, ocorreu a segunda aparição do tema, agora em decorrência dos efeitos da crise financeira de 2008 e, sobretudo, da crise pandêmica, em consonância com o debate anglo-saxão. A ideia foi encampada por parte do pensamento econômico, que igualou o neoliberalismo ao contestado clichê de “Estado mínimo e livre mercado”, e o pós-neoliberalismo ao ressu

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