AquilombaSUS: Tecnologia ancestral para a promoção do cuidado em saúde mental no capitalismo ultraneoliberal

AquilombaSUS: Tecnologia ancestral para a promoção do cuidado em saúde mental no capitalismo ultraneoliberal
Manifestantes em Brasília no evento Aquilombar, organizado pela CONAQ (Coordenação Nacional de Articulação de Comunidades Negras Rurais Quilombolas) (Joédson Alves/Agência Brasil)
  As modulações do capitalismo pós-pandemia vêm desafiando nossos conceitos de saúde mental, uma vez que a vida tem sofrido colapsos de diversas ordens. A intensificação do poderio devastador que assola territórios inteiros, através dos garimpos legais e ilegais na Amazônia, das chacinas nas periferias urbanas, dos genocídios em Gaza e no Congo, se conecta ao devir artificial do humano, naquilo que o filósofo camaronês Achille Mbembe denominou oportunamente de brutalismo. A fantasia de uma pós-humanidade encontra crítica na convergência entre afropessimismo e afrofuturismo, como exercício de desesperança absoluta, a um só tempo, no modo colonial de gerir a vida e numa necessária ativação de imaginação de futuros possíveis. Essas imagens não lineares do tempo comparecem como jazidas de força para seguir adiante, pois se o futuro é ancestral, como diria Ailton Krenak, é porque as imagens de futuro que o capitalismo nos oferta conduzem a vida à sua saturação, dentro daquilo que Isabelle Stengers denominou de “alternativas infernais”. A violência de acumulação ilimitada de capital apaga qualquer traço que faça do outro uma singularidade legítima. Diante dessas fronteiras estilhaçadas, os sujeitos já não encontram condições de perseverar. A questão não se passa mais como se saúde mental pudesse ser um setor ou mesmo uma especialidade. Tudo se tornou, diante do horizonte das catástrofes, saúde mental. O devir suicidário do ultraneoliberalismo parece ter eclodido em miríades de fenômenos que confundem a percepção na

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