Ninguém pode dizer a sua loucura – o “placement” como estratégia clínica
Khan conversa com o psicanalista estadunidense Robert Stoller em Los Angeles, nos anos 1970 (Foto: Stoller Family Collection / Com agradecimentos a Jonathan Stoller e Linda Hopkins)
Existe mesmo um outro caminho, para quem tem coragem.
O primeiro, eu poderia o descrever em termos conhecidos.
Porque você o viu, todos nós já o vimos,
Ilustrado, mais ou menos na vida daqueles que nos rodeiam.
O segundo é desconhecido. É preciso ter fé, esta fé que encontra sua origem na desesperança.
A destinação, é impossível precisar.
Até o momento da chegada, você não saberá quase nada das coisas.
Você viajará com os olhos vendados. Mas este caminho leva à posse
Do que você procurou onde não deveria.
The cocktail party, T.S. Eliot
Lendo em voz alta o trecho da peça de T. S. Eliot, não sem antes verificar se o pai da sua paciente já o conhecia, Masud Khan dá o tom da qualidade da sua presença durante as sessões. Khan lia para o pai da jovem Judy o trecho da peça que se refere, justamente, à conversa do psiquiatra com a sua paciente. O pai da menina agradece comovido pelos versos, por aquilo que denomina como uma inocência do analista e por sua capacidade de assumir certos riscos, qualidade certamente prejudicada em um pai que tenta salvar a filha do desmoronamento subjetivo.
A espontaneidade, por vezes espetaculosa, de Khan no relato das sessões, faz fugir à vista dos analistas treinados na abstinência dois fundamentos clínicos indissociáveis em uma perspectiva winnicottiana: a autenticidade e a criatividade. São fundamentos clínicos que se referem ao caráter absolutamente pessoal na forma de conduzir a sessão, sintonizada, em certa medida, com a constituição do verdadeiro self do analista que se reflete também
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »