Mohamed Masud Raza Khan: uma prática psicanalítica a partir do “ethos” islâmico

Mohamed Masud Raza Khan: uma prática psicanalítica a partir do “ethos” islâmico
O jovem Masud Khan posa para uma foto nos anos 1940 (Foto: Reprodução / Agradecimentos a Linda Hopkins)
  Masud Khan tem sido considerado um analista polêmico, por sua personalidade e por suas atitudes controversas em situação clínica. Nasceu em Punjab, na Índia. Seu pai foi camponês, praticante da religião islâmica, de tradição xiita, eventualmente tornou-se bastante rico, voltou-se primordialmente à criação de cavalos, que eram fornecidos ao governo britânico. Casou-se quatro vezes. Masud Khan envergonhou-se do último casamento de seu pai por considerar que sua mãe era uma cortesã adita em ópio, aspectos reprováveis na cultura islâmica. Khan graduou-se em literatura inglesa na Universidade de Punjab e obteve o título de Mestre pela mesma universidade em literatura e psicologia. Era um homem de gosto refinado. Há descrições dele sempre como uma figura aristocrática e muitas vezes arrogante. Nesse texto, não irei me ocupar dos relatos polêmicos sobre ele, porque interessa-me focar as dimensões das contribuições que realizou para o campo psicanalítico, que me parecem bastante fecundas e originais. Em grande parte delas, a influência do ethos islâmico é significativa. Em seu livro Quando a primavera chegar, Khan descreve-se como um exilado. Considero que essa experiência de se sentir exilado não aconteceu somente por estar na Inglaterra, mas, do meu ponto de vista, ela originou-se muito cedo em sua vida. Foi criado longe de seus pais, sem permissão de ver sua mãe durante os primeiros anos de sua vida. O fato de seu pai ter se casado com uma mulher considerada vulgar no meio islâmico significou para a família um certo esti

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